A crise econômica e política pela qual o Brasil está passando tem resultados diretos na empregabilidade da população. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho (MTb), foram gerados mais de 200 mil novos postos de trabalho entre janeiro e setembro deste ano, mas a remuneração média entre os trabalhadores recém-contratados caiu.

Segundo a pesquisa, o salário médio de demissão é de R$ 1.685,37, enquanto o de admissão é de R$ 1.478,52. Essa perda salarial é bastante significativa e submete os trabalhadores a condições de trabalho e salários inferiores aos de quem já está dentro das empresas.

Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, esse é um reflexo da busca pela redução de custos nas empresas em detrimento da situação dos trabalhadores. “Uma pessoa que está desempregada muitas vezes aceita uma remuneração abaixo da média porque tem urgência em conseguir o seu sustento. As empresas sabem disso e se aproveitam dos trabalhadores, pagando salários cada vez mais baixos e suprimindo benefícios, gerando uma mão de obra barata”, destaca.

Riscos da terceirização

O crescimento da taxa de emprego no país deve ser analisado cuidadosamente devido a esse tipo de prática, que deve se acentuar com a Reforma Trabalhista e com a Lei da Terceirização. Dados de uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) mostram que trabalhadores terceirizados recebem 25% a menos do que os contratados diretos.

“Deixar os trabalhadores desprotegidos, com piores condições de trabalho e salários menores para aumentar a margem de lucro é uma estratégia inaceitável que vem aumentando nas empresas com o aval do governo”, lembra João Batista.

Desde 31 de março deste ano, a terceirização é permitida para todos os tipos de atividade realizados nas empresas, o que também deve aumentar a rotatividade no mercado de trabalho. Segundo dados do DIEESE, a taxa de rotatividade entre os terceirizados é de 57,7%, contra 28,8% dos contratados diretos.

Esse fator é responsável pelo “achatamento” dos salários, pois os trabalhadores não têm a oportunidade de crescer dentro das empresas, o que causa muita insegurança e incerteza em relação à garantia do emprego.

A jornada de trabalho também é mais extensa entre os trabalhadores terceirizados. 85,9% deles têm jornadas entre 41h e 44h semanais. Com os contratados diretos isso acontece com 61,6% dos trabalhadores. Esse fator contribui para o aumento do número de acidentes de trabalho sofridos pelos terceirizados, que têm um percentual de afastamento 3,5% maior do que os contratados.

Fonte: Fetropar