José estava numa viagem de transporte de cargas de Curitiba para São Paulo. No trajeto, ele enfrentou os problemas de sempre. As placas de sinalização haviam sido retiradas das margens das vias, para fazer o alargamento da pista, e não foram recolocadas. Em outra parte do trecho, não havia pavimentação ou, se existia, apresentava desgaste.

Diante de todos esses empecilhos, a viagem de José atrasou, ele, consequentemente, não chegou ao destino no horário e terminou a jornada de trabalho por volta das 22 horas.

O exemplo de José é fictício, mas representa a realidade de muitos rodoviários pelo Brasil a fora. Além do problema da falta de infraestrutura nas rodovias, os trabalhadores sofrem com os problemas relacionados à própria atividade profissional. As jornadas de trabalho são longas, e os empregados ainda sofrem com o perigo constante de roubos.

Um estudo americano mostra que os trechos das rodovias BR-116 – (Curitiba – São Paulo e Rio de Janeiro – São Paulo); SP-330 (Uberaba – Porto de Santos) e BR-050 (Brasília – Santos) são consideradas como áreas de risco para a ocorrência de roubo de cargas.

O relatório monitora o risco para as cargas transportadas, seja por vias aéreas, marítimas ou terrestres, em várias partes do mundo. Na lista de classificações, os países podem receber pontuação até 7, que vai numa escala de baixo a extremo risco. Guerras, greves, pirataria e roubo de cargas são alguns dos riscos.

Mesmo que as estradas brasileiras não sofram com os fatores ligados a guerras, elas receberam nota 3,4 – o que as coloca no ranking de classificação como de risco muito alto para a ocorrência de roubo de carga.

O número de roubo de cargas no Brasil cresce a cada dia. Os motoristas de caminhão seguem pelas estradas apreensivos e com medo. Entre os produtos mais procurados pelas quadrilhas especializadas nesse tipo de asfalto, destacam-se os produtos de alto valor agregado. Eletroeletrônicos, componentes farmacêuticos, alimentos, cigarros, produtos metalúrgicos, combustíveis e autopeças são alguns exemplos.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar), o motorista que faz esse tipo de transporte deve ser orientado para tomar os devidos cuidados, já que o roubo representa perigo para a mercadoria e, principalmente, para o trabalhador.

“As transportadoras também precisam auxiliar os trabalhadores sobre os procedimentos adequados. Se o motorista perceber ou desconfiar que está sendo seguido, o ideal é que ele pare no posto mais próximo da Polícia Rodoviária Federal e comunique que está sendo seguido. É fundamental, também, que as empresas sejam comunicadas. O mais importante é não seguir viagem enquanto existir algum tipo de risco”, considera.

Fonte: Fetropar