Os trabalhadores rodoviários são os que mais morrem no país. Longe de casa, não é raro que a viagem pelo sustento da vida ganhe um fim nas estradas. Quando esses profissionais se acidentam, eles viram notícia. Mas as péssimas condições de trabalho da categoria, no entanto, nem sempre são noticiadas.

Os problemas inerentes à profissão são muitos. A maioria dos motoristas de caminhão, por exemplo, não possuem plano de saúde e nem tempo para ir ao médico com determinada periodicidade.

As viagens pelo Brasil afora acontecem sob pressão e estresse para a entrega da mercadoria. Eles costumam dormir em condições precárias, se alimentam mal e não realizam atividades físicas. Para suportar as jornadas estressantes, alguns usam rebites e outras drogas. Todos esses fatores contribuem para o crescimento de acidentes e mortes nas rodovias.

Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 2 milhões de profissionais no setor. Essa população é conhecida por enfrentar uma rotina extenuante de trabalho. Em algumas situações, por exemplo, eles chegam a trabalhar até 16 horas por dia, muito acima do que a legislação permite, que são até 12 horas, caso esteja previsto no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).

Além disso, os motoristas de caminhão também enfrentam problemas relacionados à má conservação das estradas e à violência, o que se transforma em uma alta carga de estresse no dia a dia.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina (Sinttrol), João Batista da Silva, destaca que é comum que muitos profissionais sofram de mal súbito durante a jornada de trabalho. O problema é que esse suposto “mal súbito” às vezes esconde as verdadeiras causas dos problemas de saúde.

“Muitos profissionais não possuem condições dignas de trabalho e lidam com jornadas abusivas. Por isso, o organismo deles funciona como uma bomba relógio, prestes a explodir. Antes de qualquer coisa, é preciso entender que não se trata apenas de um veículo sobre o asfalto, mas de um ser humano que necessita de cuidados básicos”, declara.

Estudos recentes mostram que uma série de riscos contribuem para o aparecimento de problemas cardiovasculares nesses profissionais, além de problemas na coluna, diabetes e outros. Para João Batista, a saúde do trabalhador deve ser prioridade para as empresas. “É inadmissível que o trabalhador sofra por causa das más condições de trabalho”, afirma.

Fonte: Sinttrol