Segundo pesquisa realizada pela Anefac, 74% dos brasileiros pretendem usá-lo para sair do sufoco
A atual situação da economia do país se reflete na forma como o brasileiro pretende usar o 13.º salário neste ano. Segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), 74% dos entrevistados querem liquidar as dívidas com este dinheiro, alta de 8,8% em relação a 2014.
Em segundo lugar no ranking de intenções estão os consumidores que destinarão o salário para a compra de presentes (8%), seguidos por aqueles que desejam poupar para pagar as despesas de início de ano, como IPTU e IPVA (8%).
De acordo com o levantamento, os vilões do endividamento são os juros crescentes do cartão de crédito e do cheque especial, que em 2015 superaram respectivamente as taxas de 361% e 222% ao ano. “Essas dívidas são as que mais aumentam e também as que o consumidor tem de se livrar mais rápido”, afirma o diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel de Oliveira.
“Esse tipo de crédito é fácil de ser adquirido, porque não é pré-aprovado e está à disposição do cliente. Mas como a renda está em queda e o desemprego elevado, as dívidas ficam mais difíceis de serem pagas, se tornando o principal foco dos problemas financeiros das famílias”, avalia.
Diante desta situação, economistas e consultores financeiros recomendam às pessoas que estão negativadas que usem o 13.º para saldar ou renegociar seus débitos.
O gerente de recuperação de crédito do Serasa Experian, Raphael Salmi, conta que o importante neste caso é pôr as contas no papel e priorizar as dívidas mais caras. “Se puder pagar à vista, então, é o melhor dos mundos”, diz. “Mas, quanto às dívidas que não têm jeito de serem pagas, é preciso que se negocie com o credor. Não tem uma fórmula mágica.”
Outra dica é trocar as dívidas com taxas mais altas por outras com juros baixos. As opções mais indicadas para substituir o cheque e o cartão são o crédito consignado, que tem uma taxa de 2,36% ao mês, e os empréstimos pessoais.
Entretanto, Salmi alerta que antes de fechar um contrato com uma instituição financeira, o cliente precisa ponderar não só sobre o número de parcelas, mas também sobre as suas perspectivas de futuro. “Com o desemprego aumentando é preciso ter uma noção da real situação da empregabilidade antes de tomar esse tipo de decisão.”
Três partes
Oliveira sugere dividir o 13.º em três partes para aproveitá-lo melhor: uma para limpar o nome, outra para pagar ao menos uma parcela das despesas de início de ano e outra menor para comprar os presentes. Depois disso, a recomendação é que se faça um planejamento e se corte gastos. “Quando se trata de despesas, quanto mais cedo você se preocupar com elas, menor será o sacrifício no fim do ano.”