Aproximadamente 20% de todos os acidentes de trânsito são causados por distúrbios do sono ou por cansaço, segundo pesquisa da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). Essa é uma realidade que faz parte do cotidiano dos caminhoneiros, há muitas situações em que os motoristas forçam as jornadas pela pressão e cobrança dos patrões.
O estudo foi realizado em março e entrevistou 495 pessoas. O levantamento mostra que grande parte dos incidentes ocorrem de madrugada ou após o horário do almoço. Cerca de 40% dos participantes relataram já terem ziguezagueado em rodovias e metade afirmou já ter parado na via por sentir sono. Além disso, 10% dos entrevistados afirmaram já terem dirigido com sono e outros 40% disseram conhecer alguém que se acidentou por estar sonolento.
O problema é que muitas empresas pressionam seus trabalhadores para que cumpram prazos apertados. “As empresas não podem obrigar que os motoristas coloquem em risco sua própria saúde, sua segurança e a dos outros motoristas ”, afirma o presidente da Fetropar, João Batista da Silva.
Riscos
Fechar os olhos no volante em alta velocidade pode ser catastrófico. Se o veículo estiver a 120km/h é custoso parar e, ao despertar, a chance de causar um acidente é enorme. Em apenas 10 metros o veículo tem grande possibilidade de sair da estrada, colidindo com outro veículo, ou mesmo de cair no acostamento. Além disso, nesses casos, o motorista poderá atravessar a pista e colocar em risco um veículo que trafega em direção oposta.
Um condutor com sono possui dificuldades para manter os olhos atentos e focados, além de os pensamentos ficarem vagarosos e desconexos. O motorista tende a piscar mais lentamente, sente dificuldades em manter a mesma velocidade, podendo até sair da estrada ou não conseguir desviar de algum objeto. Não prestar atenção em sinalizações, curvas mais fechadas, retornos ou errar o caminho também podem ser consequências da abstenção do sono.
Existe remédio?
Ligar o ar frio para “acordar”, tomar água, comer bala ardida ou ouvir música alta não resolve o problema para quem está com sono. São efeitos que duram poucos minutos. Mesmo a ingestão de café é uma medida paliativa que pode não surtir efeito.
O que de fato funciona é não dirigir, evitar conduzir o veículo por períodos longos sem parada e não fazer extensa jornada sozinho depois de uma noite mal dormida ou após um dia inteiro trabalhando. Verificar a bula de remédios para não dirigir após ingerir medicamentos que podem causar sonolência também é importante. “E, em hipótese alguma, dirigir após consumir bebida alcoólica”, conclui João Batista.
Fonte: Fetropar