Sem nunca ter elegido um presidente da República, o PMDB esteve sempre no poder. O MDB (Movimento Democrático Brasileiro) surgiu por oposição à ARENA (Aliança Renovadora Nacional), partido único no início da ditadura militar de 1964. O MDB, como movimento conseguiu catalisar as forças contrárias ao regime militar.
1º Golpe – Em 1979 passou a denominar-se PMDB e desde então assumiu o caráter clientelista dominador de currais eleitorais, onde prevalece o patrimonialismo. Virar as casacas, abandonar o movimento democrático foi um golpe nas correntes progressistas de sua original formação.
2º Golpe – Em 1984 José Sarney criou a Frente Liberal que acabou sendo o PFL. Em seguida fez coligação com o PMDB na chapa de Tancredo Neves à presidência da República. Como Tancredo faleceu antes de tomar posse, o vice Sarney assumiu a presidência. Se permanecesse no PFL não teria apoio do PMDB para governar. Sarney, então, pulou para o PMDB. Os interesses particulares e oligárquicos levaram o governo Sarney ao fracasso com uma brutal inflação. O PMDB foi o principal responsável por tal crise porque fez de Sarney seu refém.
3º Golpe – Itamar Franco, que havia sido ligado ao PMDB, era vice de Fernando Collor de Melo. Por conveniência filiou-se ao PRN mas, em seguida passou a discordar do Plano Collor para a Economia. Por isso desligou-se do PRN. No processo de impeachment de Collor, em 1992, a bancada do PMDB foi decisiva e Itamar Franco assumiu a chefia do governo.
4º Golpe – Para manter a governabilidade com apoio do Congresso, Lula teve que destinar ao PMDB os cargos mais importantes do executivo. Ministério das Minas Energia, onde ancoram a Petrobras, Eletrobras; Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Se não fosse assim Lula teria sofrido golpe institucional com perda de seu mandato. No governo Dilma Rousseff, apesar de o PMDB acumular a maioria dos ministérios, o seu parceiro de chapa, vice-presidente da República Michel Temer (PMDB), queria mais: o seu lugar na presidência. Para conseguir seu intento, contou com o apoio do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB). O resto da história todo mundo já sabe.
5º Golpe – Em 2014, como Fernando Pimentel havia sido colega de Antônio Andrade (PMDB), na formação do Ministério de Dilma, convidou-o para fazer parte da chapa ao governo de Minas Gerais. Da mesma forma que Michel Temer, Antônio Andrade não se conformava com a condição de substituir eventualmente o governador e rompeu com Pimentel, traindo a coligação. Em 2018, Adalclever Lopes, presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais permitiu a tramitação do processo de impeachment contra o governador Fernando Pimentel. Se não se consumar o golpe institucional com o afastamento do governador, a traição e o golpe político já foram consumados.
6º Golpe – Em 2017, quando não havia mais coligações a serem traídas e nem a quem dar golpe institucional e assumir o poder, o PMDB tenta dar um golpe no povo. Como o partido ficou desgastado com tantos figurões processados e julgados, seus dirigentes pensaram que voltar à denominação antiga MDB, apagará da memória coletiva essa imagem negativa. O camaleão é assim: Quando percebe algum perigo por perto, muda de cor.
A par de tais fatos históricos os candidatos à presidência da República já começam a rechaçar coligação com o MDB. Ciro Gomes declarou à repórter Sueli Costa que não aceita ninguém do MDB em sua chapa. Para ele esse partido é uma quadrilha de mafiosos. Mas vê dificuldade de quem quer que seja que se eleger presidente, formar uma base parlamentar no Planalto.
Antônio de Paiva Moura é docente aposentado do curso de bacharelado em História do Centro Universitário de Belo Horizonte (Unibh) e mestre em história pela PUC-RS.
Fonte: Brasil de Fato