A taxa de homicídios no Brasil é 30 vezes maior do que toda a Europa / Agência Brasil
No último mês de junho, saiu o novo Atlas da Violência 2018, produzido pelo IPEA e Pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2016, alcançamos a marca recorde de 62.517 homicídios. Corresponde a uma taxa 30 vezes maior que a Europa, por exemplo. E, mesmo no Brasil, encontraremos variações importantes. A evolução de tais homicídios nos últimos anos foi muito maior no Norte e no Nordeste. E, dos sete estados com maior incidência de homicídios por 100 mil habitantes, cinco deles estão no Nordeste.
Na verdade, a sensação de insegurança da população brasileira fala por si. Mas, os números apresentados neste relatório, devem ajudar não somente a nos alertar para o tamanho do problema, mas, principalmente, ajudar a construir ações de verdade. E, se interpretações diferentes podem apontar causas diferentes, algo do qual não temos como escapar é que estamos entre os países que mais matam no mundo. Mas este é um problema que precisa ser encarado de frente.
Queria agora fazer dois destaques. O primeiro deles é para a questão da juventude. Pois, se de um lado não é novidade termos na juventude (15 a 29 anos) um maior número de mortes, por outro lado, estes números seguem se agravando sem que haja uma política efetiva de combate. Só em 2016 foram 33.590 mortes de jovens nesta faixa etária. Mais uma vez com forte destaque para o Norte e Nordeste, tendo 10 estados entre os 12 com maior mortalidade do Brasil.
Uma outra pontuação é para a questão das armas de fogo. Infelizmente, a nossa atual situação abre brecha para supostas soluções que não encontram respaldo na realidade. Uma destas supostas soluções seria a liberação das armas como algo que resolveria nossos problemas. E isso é uma grande mentira. Já trouxe aqui em uma outra coluna e reforço agora com os dados deste Atlas. Desde 1980, enquanto a violência letal aumentava, também aumentava o número de armas na população.
Sobre o tema, vários outros recortes poderiam ser feitos, assim como poderia discorrer mais sobre cada um deles aqui comentado. Infelizmente o espaço é curto. Porém, pretendo retornar ao tema em outras ocasiões. O tema da Segurança Pública é de fundamental interesse à toda a população. Não temos o direito de abdicar deste debate. Se não há saída fácil para este problema em nosso país, a solução também não pode ser jogada para um futuro muito distante.
Edição: Monyse Ravenna
Fonte: Brasil de Fato