Com o aumento significativo da frota de veículos particulares no Brasil, respirar ar puro se transformou em um privilégio de poucos. A crescente emissão de gases poluentes oriundos de carros, ônibus e caminhões alavancou a poluição atmosférica a níveis alarmantes.

Com cerca de 85% da população brasileira vivendo em cidades, é possível dizer que se trata de um problema de saúde pública. E para aqueles que, além de viverem em centros urbanos, passam grande parte do dia no trânsito, os danos são maiores.

É o caso dos motoristas rodoviários, que são expostos diariamente a grandes volumes de substâncias, como o monóxido e o dióxido de carbono e o enxofre. Essa exposição pode gerar vários problemas de saúde.

A curto prazo, a poluição pode causar irritação das mucosas, da garganta e bronquite. Já quem passa longos períodos inalando poluentes tem grandes chances de desenvolver asma, câncer de pulmão, acidente vascular cerebral (AVC) e câncer de pulmão.

Números

Os danos que a poluição causa à saúde são objetos de várias pesquisas e, infelizmente, nenhuma delas conseguiu chegar a uma conclusão animadora. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, indica que a péssima qualidade do ar está por trás de oito milhões de mortes todos os anos. Dessas, 3,7 milhões estão relacionadas com a queima de combustíveis por veículos automotores.

Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, a exposição dos motoristas rodoviários à poluição é um problema diretamente relacionado com as condições de trabalho. “A responsabilidade pela saúde do trabalhador é da empresa, mesmo quando a exposição do empregado aos ambientes insalubres é inevitável. Os patrões devem estar atentos à realidade dos motoristas e precisam planejar ações que minimizem o impacto da poluição na saúde dos trabalhadores”, defende.

Soluções complexas

Não existem soluções fáceis para o problema da má qualidade do ar. Os maiores emissores de gases poluentes no Brasil são os veículos automotores, o que indica a necessidade de uma profunda reforma na mobilidade urbana. De acordo com um levantamento da Universidade de São Paulo (USP), eles são responsáveis por 60% da poluição nas metrópoles nacionais.

O primeiro passo seria o investimento em um transporte coletivo de qualidade com o objetivo de reduzir a quantidade de veículos particulares nas cidades. Segundo João Batista, enquanto essas iniciativas de redução da emissão de gases não se tornarem realidade, as empresas precisam repensar meios de garantir mais qualidade de vida aos trabalhadores. “A saúde do motorista não pode ser colocada em segundo plano”, afirma.

Fonte: Fetropar