O estudo “Demanda Futura por moradia”, desenvolvido pela em parceria com a Secretaria Nacional de Habitação que nos próximos anos (2019 a 2022) será enfrentada uma demanda de 4,7 milhões de novas moradias, sendo 1,24 milhão só em 2019 e a grande tendência – que deve se acentuar – é a de domicílios com cada vez menos moradores.
Apesar de uma pequena redução a partir de 2014, por conta do envelhecimento da população e da redução da taxa de natalidade, o professor de geografia da UFF e um dos coordenadores do estudo, Gustavo Henrique Naves Givisiez, destacou que a questão da moradia é um grande desafio para o Brasil.
E afirmou que a década começou com grande número de moradias construídas graças ao aquecimento econômico e ao programa “Minha Casa, Minha Vida”. Entretanto, a partir de 2014 houve uma freada no número de obras devido à crise que é outro grande desafio.
Segundo o pesquisador, é preciso resolver o problema das moradias de baixa qualidade. “Se não tem programa de governo, se não tem crédito relativamente barato ou se aluguel é muito caro, a pessoa opta por morar com os pais ou algum familiar. A crise aumenta o déficit habitacional, sem dúvida”, disse ao Uol.
A diretora da ONG (Organização Não Governamental) Habitat, Socorro Leite, seguiu a mesma linha e disse que a construção de moradias não deveria ser a única política de habitação do país. Ela destacou que ações de infraestrutura e até fixação do agricultor no campo podem ajudar na redução do déficit.
“É preciso também ir melhorando as casas já existentes, acessos, estrutura. Muitas pessoas não sairiam do lugar onde vivem. Se a gente tivesse um programa para ajudar a pagar aluguel acima da renda também, por exemplo, não precisava construir novas moradias”, afirma. Para ela, o programa “Minha Casa, Minha Vida” produziu um bom número de moradias sem enfrentar essas questões importantes. E, para ela, a grande questão da falta de moradia está na precária política de igualdade social.
Enquanto a demanda por moradia pode chegar a 1 milhão ao ano, nos últimos seis meses, os bancos tomaram mais de R$ 1,48 bilhão de casas e apartamentos inadimplentes. Com isso, o estoque de imóveis retomados é recorde: R$ 11,5 bilhões – o que corresponde a 70 mil casas e apartamentos desde 2014.
O banco que encabeçou o movimento foi a Caixa que é líder no setor imobiliário. Com cerca de 70% desse total de unidades retomadas. Em junho, eram cerca de 47 mil imóveis de clientes que, somados, valiam R$ 9,1 bilhões. Em 2016, o estoque era menos da metade: 23 mil unidades.
Segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo, houve o forte aumento do desemprego, reduziu a capacidade financeira das famílias e, consequentemente, fez a inadimplência crescer.
Fonte: Fetraconspar