A vitória de Jair Bolsonaro nas eleições deste ano trouxe muitos questionamentos para a classe trabalhadora e para as entidades sindicais. Tomando como base tudo que já foi sinalizado pela equipe do presidente eleito, a expectativa é que o país esteja prestes a encarar um período de repressão e redução de direitos.
A situação é ainda mais grave porque os trabalhadores já vêm de um período de retirada de garantias, como a Reforma Trabalhista e a Lei das Terceirizações, mudanças implementadas pelo governo Michel Temer que abriram brechas para aumentar a precarização das condições de trabalho.
Diante de todas essas perspectivas, qual é o caminho para a luta por direitos? Como os sindicatos poderão se organizar para combater os possíveis – e prováveis – retrocessos?
Recomposição das forças do movimento sindical será indispensável
Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, unir as pautas comuns da classe trabalhadora e mantê-las como prioridade acima de questões partidárias precisará ser uma medida prioritária para a organização da luta.
“Nesse momento, para recompor as forças do sindicalismo, precisaremos esquecer a opção político-partidária e enfatizar a resistência contra os desmontes, como a Reforma Trabalhista e até mesmo a Reforma da Previdência”, explica João Batista.
A união da classe trabalhadora será particularmente importante porque o caráter do discurso adotado pelo governo Bolsonaro é de divisão entre trabalhadores. Uma das estratégias para isso é, por exemplo, a adoção da carteira de trabalho “verde e amarela”. O documento funcionaria como uma modalidade de contratação alternativa, que garantiria menos direitos em relação aos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A adoção de duas formas diferentes de contratação formal, que se diferenciam justamente pelo nível de precarização entre elas, já é uma maneira de tentar dividir as pautas de luta do movimento sindical.
“Há uma clara movimentação para dividir os trabalhadores entre formais e informais, com mais direitos e com menos direitos. Por isso, para fortalecermos a nossa luta nessa conjuntura complicada, devemos focar nas pautas unitárias. Precisamos falar sobre geração de postos de trabalho e sobre leis que ofereçam garantias adequadas para os trabalhadores. Mais do que nunca, nossa pauta precisa ser voltada às raízes do sindicalismo”, afirma João Batista.
Fonte: Fetropar