PNAD Contínua, do IBGE, aponta que em 2017 País tinha 10,355 milhões de cidadãos vivendo com apenas R$ 40 por mês; em 2016, rendimento era de R$ 49.
Ao mesmo tempo, no topo da pirâmide, apenas 2 milhões de brasileiros, o equivalente a 1% da população residente, recebiam R$ 15.504 mensais, 387,6 vezes mais do que aqueles 10 milhões mais pobres.
A desigualdade aumentou em quatro das cinco grandes regiões do Brasil na passagem de 2016 para 2017. Mesmo no Sudeste, onde houve ligeira queda no Índice de Gini, o recuo na concentração de renda foi influenciado por uma precarização do emprego, que afetou postos mais qualificados e mais bem remunerados, apontou o IBGE.
“Se isso está acontecendo, é uma queda na desigualdade por um motivo ruim. Todo mundo ficou mais pobre, não seria um motivo a se comemorar. Mas as perspectivas são melhores, com a recuperação da economia prevista para este ano através dos serviços e da indústria, que empregam mais. No ano passado, a retomada foi através da agropecuária. Com os serviços e indústria, haverá maior proporção de geração de postos formais”, avaliou Bruno Ottoni, pesquisador do IDados e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas.
O Índice de Gini – indicador mede a desigualdade de renda – referente ao rendimento médio real domiciliar per capita manteve-se em 0,549 em 2017. A estabilidade em comparação ao ano anterior ocorreu por conta de uma queda na região Sudeste, onde o Gini passou de 0,535 em 2016 para 0,529 no ano passado. Em todas as demais regiões houve piora. Numa escala de 0 a 1, quanto maior o indicador, pior é a distribuição dos rendimentos. No Nordeste, o Gini subiu de 0,555 em 2016 para 0,567 em 2017; no Norte, passou de 0,539 para 0,544; no Sul, de 0,473 para 0,477; e no Centro-Oeste, de 0,523 para 0,536.
RIQUEZA
Em 2017, os 10% com maior renda concentravam 43,3% de toda a riqueza do País, montante superior à toda a massa detida por 80% da população com renda mais baixa.
Em relação a 2016, porém, tanto o rendimento médio quanto a massa de renda diminuíram no total do País. A renda média mensal real per capita foi de R$ 1.271 no ano passado, ante R$ 1.285 em 2016. A massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 263,1 bilhões em 2017, após ter alcançado R$ 263,9 bilhões no ano anterior.
Entre os trabalhadores que conseguiram permanecer empregados no ano passado, os que tinham menor remuneração viram sua renda cair consideravelmente.
A metade dos trabalhadores com menor renda recebia, em média, R$ 754 por mês em 2017, menos do que os R$ 773 recebidos em 2016. Ou seja, quase 45 milhões de pessoas ficaram ainda mais distantes de conquistar o salário mínimo determinado por lei ao fim de um mês de trabalho. No ano passado, o País tinha 4,455 milhões de trabalhadores com rendimento médio mensal de apenas R$ 47. O resultado significa um tombo de 38% em relação aos R$ 76 recebidos por essa fatia da população no ano anterior.
BOLSA FAMÍLIA
Ao mesmo tempo, houve queda no porcentual de domicílios beneficiados pelo Programa Bolsa Família, que passou de uma fatia de 14,3% em 2016 para 13,7% em 2017. Os domicílios que recebiam o Bolsa Família tinham renda média mensal real per capita de apenas R$ 324 no ano passado. Nos lares que não possuíam necessidade do benefício de transferência de renda do governo, o rendimento médio por habitante subia a R$ 1.489.
“São mesmo os domicílios que a gente entende que deveriam estar recebendo o Bolsa Família. Essas diferenças existem (entre domicílios que recebem e não recebem o benefício)”, declarou Azeredo.