O desemprego no país voltou a crescer atingindo 12,6% no trimestre entre dezembro e fevereiro, segundo dados divulgados na quinta-feira (29). No total, são 13,1 milhões de desocupados, a pior marca desde o período de três meses findo em julho de 2017. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a piora do cenário se deve à demissão dos funcionários temporários contratados no fim de 2017. “Sempre no primeiro trimestre do ano a taxa tende a subir”, disse o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo. Na comparação com igual trimestre do ano passado, a taxa de desemprego caiu 0,6%. Para, Sarah Bretones, da MCM Consultores, o quadro mais recente do mercado de trabalho é neutro. “Ele mostra que o mercado de trabalho está melhor, mas num ritmo mais lento, já que tudo ficou praticamente estável em relação ao trimestre anterior”, diz ela. Por enquanto, a recuperação continua sendo puxada pelo emprego informal. Os profissionais sem carteira somaram 10,761 milhões, o que corresponde a uma alta de 5% na comparação anual. Já o número de trabalhadores com carteira assinada caiu 1,8% em relação ao mesmo período de 2017, chegando ao menor nível da série histórica iniciada em 2012 (33,126 milhões). Na comparação com o trimestre anterior, no entanto, o trabalho sem carteira é que teve a queda mais forte: de 3,6%, o que reforça a percepção de que os temporários contratados no fim de 2017 não foram efetivados. Embora os informais registrem, em média, salário inferior aos trabalhadores com carteira, a renda por empregado segue em alta e chegou a R$ 2.196 em fevereiro, descontada a inflação. Nos três meses até janeiro, o salário médio era R$ 2.176 e R$ 2.148 no mesmo período do ano anterior. Por setor, indústria e serviços domésticos tiveram os maiores ganhos salariais. Para Bretones, da MCM, a expansão do rendimento deve ficar próxima de zero em 2018. Mas o emprego formal deve começar a apresentar crescimento na comparação anual nas próximas divulgações, repercutindo, com defasagem, a melhora gradual da atividade econômica. “É natural, após um período tão prolongado de recessão e incerteza dos empregadores”, diz a economista. A equipe da consultoria Rosenberg também espera melhora adicional na taxa de desocupação nos próximos meses, seguindo a tendência observada a partir do segundo trimestre de 2017. De modo geral, diz a consultoria, a qualidade do emprego também deve ser superior à registrada em 2017, com melhora do emprego formal. Por segmentos, a reação mais forte deve vir da indústria. Ainda assim, não há pressões à vista sobre a inflação. O Itaú espera que a taxa de desemprego recue para 11,7% ao fim de 2018 e para 10,7% ao fim de 2019, com uma contribuição cada vez mais relevante do emprego formal.