O Brasil continuará sendo dependente de rodovias pelo menos até o ano de 2035. É o que mostra um estudo da Fundação Dom Cabral (FDC), que analisou bancos de dados do Ministério dos Transportes, do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) e outras entidades do setor.
Segundo o levantamento, mesmo os projetos para o setor ferroviário e hidroviário que estão agora em tramitação não serão suficientes para reverter o cenário. Ainda que todos eles saiam do papel até 2025, 50,1% do transporte de cargas no país ainda será feito por caminhões em 2035. Ou seja, o estudo revelou que há a necessidade de que novos projetos sejam implementados para que de fato haja mudança nessa previsão.
O documento também mostrou que, em 2015 — ano utilizado como base para o recolhimento de dados — os custos em transporte atingiram a casa dos R$166 bilhões, sendo 70% desse valor destinado aos modais rodoviários.
Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, a notícia é positiva para a categoria, mas exige um olhar atento do governo.
“Com o crescimento da demanda, aumenta também a responsabilidade com a manutenção e conservação das vias. Os setores estatais de planejamento precisam pensar em estratégias e políticas públicas para que os motoristas possam viajar com segurança”, opina João Batista.
Qualidade das estradas preocupa
O estudo também fez uma projeção para a situação das vias no país até 2035, utilizando critérios estabelecidos por uma publicação internacional chamada Highway Capacity Manual 2010 (HCM 2010).
De acordo com a análise, em 2015, 45,3% das vias estaduais e federais estavam na classificação D ou F do ranking — as piores qualidades segundo as diretrizes do HCM 2010. A previsão dos pesquisadores é que esse percentual suba para 57,5% em 2035.
Para João Batista, a perspectiva preocupa e mostra que é urgente cobrar as autoridades sobre planos de recuperação das estradas. “Os rodoviários têm um trabalho fundamental para o desenvolvimento do país e as empresas têm a obrigação de garantir as condições de trabalho adequadas”, defende.
Fonte: Fetropar