Não só os acionistas surfaram no lucro de R$ 57,63 bilhões de Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander em 2017. Também ganharam diretores e conselheiros, cujas rendas milionárias ficaram conhecidas, ontem, devido à decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que obrigou empresas de capital aberto a abrir as remunerações máximas e mínimas de seus executivos. As empresas tinham até o fim da noite de ontem para publicar os dados no site da Comissão de Valores Imobiliários (CVM).
O mais bem pago diretor de banco foi Cândido Bracher, do Itaú, cujos rendimentos somaram R$ 40,9 milhões em 2017, entre salários e participações. No cargo há um ano e oito meses, Bracher susbtituiu Roberto Setúbal na direção do maior banco privado do país. No ano passado, a família Setúbal pagou R$ 292,6 milhões a 22 diretores e R$ 49 milhões a 11 conselheiros. Cada diretor recebeu, em média, R$ 13,5 milhões por ano ou R$ 1,125 milhão por mês. É pouco perto dos R$ 24,9 bilhões líquidos que o banco lucrou.
O Santander remunerou muito bem o executivo Sergio Rial que só no Brasil, garantiu 27% do lucro global do banco espanhol: R$ 29,9 milhões. O quinto banco do país (terceiro entre os privados) lucrou 44,5% a mais em 2017, chegando aos R$ 8 bilhões, melhor resultado de sua história. A filial brasileira pagou R$ 255 milhões a 45 diretores (R$ 5,6 milhões para cada) e R$ 3,7 milhões a seus cinco conselheiros.
No último exercício, o Bradesco foi, de longe, o banco privado que mais gastou com executivos: R$ 680 milhões. Cada uma das sete cadeiras do Conselho de Administração embolsou R$ 10 milhões no ano passado. Luiz Carlos Trabuco, que trocou este ano a presidência da diretoria pela do Conselho de Administração, recebeu, em 2016, R$ 16,4 milhões, a remuneração máxima da Diretoria Estatutária. Ano passado, teve uma leve redução: R$ 15,9 milhões. Após passar, em março, o comando da diretoria para Octavio Lazari, que veio da seguradora do grupo, Trabuco deve receber, pelos valores de 2017, R$ 17 milhões na presidência do Conselho de Administração (C.A.). Por controlar também a seguradora (100% do banco), o Conselho do Bradesco garante a maior remuneração entre os bancos.
Fecha a fila o Banco do Brasil. O diretor Paulo Caffarelli recebeu R$ 1,7 milhão em 12 meses. A renda média dos 45 altos dirigentes entre vice-presidentes (12) e 27 diretores, além dos membros do Conselho Fiscal, ficou em R$ 1,2 milhão.
O BNDES remunera o presidente com mais de R$ 87 mil mensais. Sorte do atual dirigente, Diogo de Oliveira. Antes, como ministro do Planejamento, ele estava sujeito ao teto de R$ 33,7 mil mensais. No BNDES são 14 salários/ano, mais dois de participação nos lucros, limitado a 25% do resultado, parte obtido em cima da aplicação dos recursos aportados pelo Tesouro.
Vale paga maior das remunerações
De acordo com as informações enviadas pelas empresas à CVM, o executivo melhor remunerado em 2017 foi o ex-presidente da Vale, Murilo Ferreira que, pelo tempo de casa, recebeu indenizações de R$ 58,5 milhões ao deixar o cargo em maio. Foi substituído por Fábio Schvartsman, que ganhou R$ 19 milhões. Na Vale, o lucro é influenciado pela cotação do minério e do dólar.
Apesar de muito aparecer, o ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, recebeu R$ 2,34 milhões no ano passado, bem abaixo dos seus pares no mercado. O valor foi deprimido pelo baixo lucro. Em 2017, a companhia pagou, em valores integrais, R$ 16,7 milhões para oito diretores e R$ 974,8 mil para os seis membros do Conselho de Administração. Um membro da diretoria da Petrobras recebeu, em média, R$ 2,1 milhões no ano, cerca de R$ 176 mil por mês. Ontem, Rafael Grisolia foi nomeado Diretor Financeiro da estatal.
Oi paga bem mesmo em recuperação
A Oi, que está em recuperação judicial foi a empresa de telefonia que melhor remunerou. O presidente da empresa recebeu R$ 15,5 milhões, 47,6% a mais do que em 2016, e bem mais do que os CEOs concorrentes da Vivo (R$ 3,7 milhões) e da TIM ( R$ 3,4 milhões).
Fonte: JB, 28 de junho de 2018