Além de serem uma das maiores causas de morte no mundo, os acidentes de trânsito assustam cada vez mais. Por diversos motivos – como imprudência, excesso de velocidade, falhas mecânicas e desrespeito às leis de trânsito –, inúmeras pessoas perdem a vida no trânsito diariamente.
A tentativa da Espanha de diminuir esses altos índices e de oferecer mais segurança aos motoristas e pedestres teve bastante sucesso. O modelo adotado pelo país reduziu as mortes em acidentes de trânsito em 82% desde 1989.
A taxa está entre as dez menores do mundo, ocupando também o quinto lugar entre os países europeus – está atrás da Suécia, Reino Unido, Holanda e Dinamarca, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a titular da Direção Geral de Tráfego (DGT) da Espanha, María Seguí Gómez, os resultados positivos não se basearam em inovações. As consequências positivas estão diretamente ligadas à aplicação de políticas públicas eficientes e controles precisos, junto a campanhas de educação e prevenção, estruturas adequadas e ferramentas de informática para fiscalização.
Gómez apontou quais fases foram importantes para a redução. Indicou o ingresso do país à União Europeia, há 30 anos, obrigando a Espanha a adaptar sua legislação com as novas regras de segurança, como passo inicial.
O fortalecimento das instituições ligadas ao trânsito, o uso de sistemas de informática para a fiscalização e a modernização e reforma da malha viária do país também foram passos fundamentais para a eficiente redução.
Essas medidas foram bastante eficientes para maior controle do trânsito, formado por cerca de 46 milhões de espanhóis, além dos 65 milhões de turistas que o país recebe anualmente.
Trânsito brasileiro
Um relatório realizado pela Fundação Mapfre, em parceria com a Federação Ibero-Americana de Associações de Vítimas contra a Violência Viária (FICVI), apresentou a situação de alguns países latino-americanos – entre eles o Brasil – que afirmam ter dificuldades em reduzir os acidentes devido à falta de medidas preventivas e políticas eficazes.
O resultado do estudo apontou que existe um número significativo de leis e normas, mas que não são colocadas em prática; e as investigações de crimes de trânsito não são bem aplicadas.
O sistema judiciário também foi considerado lento, gerando a sensação de impunidade. Isso reflete diretamente na sociedade, que, muitas vezes, não percebe os perigos presentes no trânsito, não considerando os acidentes como crimes.
De acordo com o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, o Brasil deve seguir o exemplo da Espanha para preservar a vida de todos no trânsito. “A combinação entre políticas públicas e conscientização pode salvar aproximadamente 45 mil pessoas por ano – a média de vidas perdidas em acidentes de trânsito no Brasil”, afirma.
Fonte: Fetropar