Quando se fala em infrações de trânsito, especialmente o excesso de velocidade, as campanhas de conscientização geralmente são voltadas para os motoristas. Eles são vistos como os únicos responsáveis por evitar a recorrência dessa irregularidade.
Essa abordagem é especialmente válida para quem não trabalha no trânsito. Planejar melhor os horários e dar mais atenção às placas de sinalização, por exemplo, são ações simples que reduzem a recorrência das infrações por excesso de velocidade.
Para os motoristas rodoviários profissionais, no entanto, a questão se torna um pouco mais complexa. Por estarem expostos a rotinas de trabalho frenéticas e serem obrigados a cumprir metas incompatíveis com a realidade do trânsito, a questão do limite de velocidade acaba se tornando um assunto relacionado às condições de trabalho.
Em primeiro lugar, não se trata de amenizar os perigos causados pelo excesso de velocidade. O respeito aos limites estabelecidos nas vias urbanas e nas estradas é fundamental para garantir a segurança de todos no trânsito.
A questão é que muitas empresas simplesmente ignoram a realidade do tráfego e exigem metas que os trabalhadores rodoviários simplesmente não conseguem cumprir. A agitação e o receio de ser penalizado por não entregar a encomenda no horário previsto acabam, inevitavelmente, afetando a atenção dos motoristas.
Para o presidente do Sinttrol, João Batista da Silva, além de interferir no bem-estar emocional do trabalhador, que fica em permanente estado de tensão, as metas abusivas reduzem a segurança do trânsito.
“Em nome do lucro, os patrões ignoram que o motoristas simplesmente não pode trafegar em qualquer velocidade. Além disso, as empresas fingem não saber que a mobilidade urbana no Brasil é caótica. Por isso, a luta por melhores condições de trabalho depende diretamente do estabelecimento de metas compatíveis”, afirma.
Fonte: SInttrol