As longas jornadas de trabalho enfrentadas pelos motoristas de caminhão levam o trabalhador a buscar alternativas que o façam ficar acordado por mais tempo. A pressão para cumprir prazos faz com que os profissionais utilizem substâncias sintéticas para ficar alerta.
A droga mais usada pelos caminhoneiros é a anfetamina, chamada popularmente de rebite. A substância é um estimulante para o sistema nervoso central que atua na aceleração das funções cerebrais – o que faz a pessoa agir mais depressa, além de causar a falsa impressão de diminuição da fadiga.
A substância só pode ser comprada em farmácias, com a apresentação de receita médica. Muitos caminhoneiros, porém, têm acesso à droga de forma ilícita. O efeito da dose inicial passa após algumas horas, e o trabalhador sente a necessidade de repetir. A cada efeito que se esgota, é necessária a ingestão de uma dose maior, criando uma dependência da substância.
Prejuízos à saúde
O uso de doses cada vez maiores do rebite faz com que o motorista desenvolva dependência da droga, que acontece normalmente após o uso de duas caixas da substância, e o vício causa danos irreversíveis à saúde. O tratamento para a dependência do rebite é complexo e envolve diversos profissionais, como psicólogos e farmacêuticos.
Dilatação das pupilas, dor de cabeça, aumento do batimento cardíaco e da pressão arterial, sensação de pânico, confusão de pensamento e visão desfocada são os efeitos mais comuns após o uso do rebite, além de causar lesões irreversíveis ao cérebro. Esses são sintomas que prejudicam o motorista diretamente no exercício de sua profissão, podendo causar acidentes.
O presidente da Fetropar, Moacir Ribas Czeck, alerta que o uso dessa substância coloca em risco a vida do motorista que a utiliza e de seus companheiros de estrada. “O trabalhador jamais deve se arriscar por causa de prazos absurdos definidos pelo patrão – impossíveis de serem cumpridos com segurança. A orientação é sempre parar e descansar nas viagens. É o motorista quem está na estrada, exposto a perigos: seu bem-estar é fundamental”, afirma.