Quem nunca olhou ao redor e viu a maioria das pessoas mexendo no celular? Essa cena se tornou frequente depois que os dispositivos passaram a fazer parte do cotidiano. Acontece que esse cenário deixou de ser uma novidade aparentemente inofensiva e se tornou motivo de preocupação em diversos aspectos. No trânsito, o uso dos smartphones já desponta como uma das principais causas de acidentes.

O problema é tão grave que um estudo do Centro de Tecnologia da seguradora alemã Allianz (AZT) comparou o uso dos smartphones no volante à embriaguez. A pesquisa apontou que o uso do GPS e a leitura de mensagens geram uma desatenção equivalente à provocada pela ingestão de grandes quantidades de álcool.

Os números do departamento de trânsito dos Estados Unidos também são alarmantes: os motoristas que usam os aparelhos enquanto estão no volante têm 400% mais chances de se acidentar.

Realidade dos rodoviários

A preocupação com o uso dos celulares no volante é ainda mais fundamental para os motoristas rodoviários, que passam grande parte do dia no trânsito.

Para evitar a distração e os acidentes, o ideal é estacionar o veículo e somente depois checar o celular. Para muitos, esse cuidado pode parecer uma perda de tempo, mas a verdade é que ele evita transtornos muito maiores e, principalmente, garante a segurança de todos no trânsito.

Por outro lado, é comum que a própria dinâmica do trabalho leve os condutores a acessarem aplicativos de mensagem e outros dispositivos enquanto estão no volante. Checar o endereço de entrega ou responder a mensagens sobre o trabalho são algumas das ocasiões em que isso ocorre.

Para o presidente do Sinttrol, João Batista da Silva, as empresas precisam ter em mente que o trabalhador não pode ser colocado em risco em nome da agilidade na comunicação.

“Muitos empregadores fingem não saber que o ambiente de trabalho dos rodoviários é o trânsito e que, por isso, os motoristas não estão à disposição para contato a todo momento. A segurança do trabalhador deve estar sempre em primeiro lugar”, defende.

Conscientização

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), utilizar o celular ao volante é uma infração gravíssima, sujeita a sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e multa de R$ 293,47.

No entanto, a alteração na legislação não é suficiente para transformar o comportamento dos motoristas. O Brasil ainda falha na promoção de campanhas de conscientização sobre os perigos do uso do aparelho durante a condução.

“O Brasil tem vários exemplos de campanhas educativas que deram certo, como a da Lei Seca. Depois dela, os brasileiros passaram a considerar problemático o consumo de álcool entre os motoristas. O poder público pode utilizar a mesma estratégia para alertar os brasileiros sobre o perigo do celular no volante”, sugere João Batista.

Fonte: Sinttrol