A formação do dirigente sindical passa por determinados pontos próprios do meio de atuação. Às vezes, é preciso fazer uma pausa e entender quais serão os próximos passos do próprio movimento. O segundo dia de aula do curso de Gestão Sindical, na quinta-feira (12), por exemplo, deu ênfase para a gestão financeira das entidades e para a assessoria sindical – fatores que contribuem para a análise sobre os rumos da organização.
Ministrada pelo professor Renato Bastos, as aulas provocaram a reflexão sobre planejamento, finanças, importância das assessorias – sejam essas jurídica, de comunicação ou parlamentar –, o fator da administração e a transparência nos gastos das entidades.
O diretor do Sindicato dos Motoristas, Condutores de Veículos Rodoviários e Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Ponta Grossa (Sitroponta) comentou que o curso veio em uma hora bastante propícia para os dirigentes, no sentido de alertá-los para o perigo de administrar os sindicatos como se fossem empresas.
“O professor destacou três ferramentas principais que precisam de atenção, que são as negociações coletivas, a comunicação e a administração”, salientou.
Na opinião do diretor do Sindicato dos Motoristas, Condutores de Veículos Rodoviários Urbanos e em Geral, Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Dois Vizinhos (Sintrodov), as aulas fizeram uma recuperação histórica e apontaram direções para o futuro.
“Ainda está faltando repassar muitas informações para o trabalhador. Tem que ser feito um trabalho, primeiro, com nós diretores. Para, depois, arregaçarmos as mangas e irmos para a base, levando informações e esse conhecimento que estamos adquirindo aqui”, comentou.
“O movimento sindical é uma escolha de vida. Só tem porta de entrada. Não tem porta de saída.”
A frase, mencionada por Bastos – enquanto dialogava sobre a importância das assessorias sindicais – despertou a atenção dos dirigentes. Com ela, o professor destacou que o movimento sindical acaba por se tornar parte intrínseca da vida da pessoa que entra para a organização.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Veículos do Tipo Motonetas, Motocicletas, Bicicletas e Triciclo Motores da Região Norte do Paraná (Sindmotos Norte), Roberto Rozzi, tem uma interpretação para a frase: para ele, o movimento sindical é uma situação única onde um trabalhador pode representar o outro.
“Por que a porta de entrada? Porque a partir do momento em que se entra, é porque tem uma vocação, porque gosta do movimento sindical. Por que não tem porta de saída? Porque poucas pessoas se interessam em se qualificar como dirigente sindical e representar o trabalhador”, comentou.
Chegar até a base
Dialogar diretamente com os trabalhadores, no entanto, nem sempre é uma tarefa fácil. Na opinião do presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Cascavel (SITROVEL), Claudio José Marcon, o próprio passado do movimento sindical contribuiu para essa situação.
“Acredito que, trabalhando na base, conseguimos reverter isso, influenciando o trabalhador a se associar e ver os benefícios. Esse é o sentido final do sindicato”, avaliou.
Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, a porta de entrada para o movimento sindical é o significado, também, de que o dirigente se tornará uma figura pública. Por isso mesmo, ele precisa batalhar para um sindicato mais justo e participativo, a fim de que todos consigam ter voz.
“É preciso ter clareza de que ele tomou posse do mandato para o qual foi eleito e ele já tem que começar a justificar o seu trabalho, sempre lembrando das boas práticas sindicais”, recomendou.
Fonte: Fetropar