Os motoristas rodoviários no Brasil sabem a diferença do que é andar em uma rodovia sem pavimentação e o que é andar em uma estrada que mais parece um tapete. Infelizmente, as condições precárias das estradas ainda são uma realidade bem mais presente na vida desses profissionais.
De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) de 2016, a densidade da malha rodoviária pavimentada no país é de 25 km de rodovias pavimentadas para cada 1.000 km² de área. Isso corresponde a apenas 12,3% da extensão rodoviária nacional.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a malha rodoviária pavimentada é de 438,1 km por 1.000 km² de área. Na China, 359,9 km e na Rússia, 54,3 km.
Além disso, as estradas que atualmente estão pavimentadas no Brasil, nem sempre apresentam boas condições de uso, sofrem com falta de planejamento, de sinalização e de conservação.
Os motoristas que trafegam diariamente por essas vias, para garantir o sustento da sua família, ficam sujeitos a diversos problemas de saúde – mesmo sem perceber.
Problemas de saúde
O que surge normalmente são as dores nas costas. Em razão dos movimentos bruscos feitos pelo caminhão, quando passa pelos mais variados obstáculos, e da grande quantidade de buracos nessas estradas sem pavimentação, a coluna é forçada, gerando dores em curto prazo e problemas mais graves ao longo dos anos.
Para evitar maiores danos, o motorista deve encostar no encosto do banco, para que a coluna fique reta. O encosto da cabeça também deve ficar na mesma altura da cabeça, para que os movimentos bruscos não prejudiquem o pescoço e a coluna ao serem chicoteados para trás. As pernas devem estar a uma distância que permita ao motorista deixar os joelhos dobrados.
Mas os problemas não param por aí. Segundo um levantamento feito em 2012 pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), os motoristas estão na lista dos profissionais mais propensos a desenvolver câncer de estômago e esôfago.
É claro que esse resultado tem muito a ver com as condições das estradas e com a falta de pavimentação, uma vez que a grande quantidade de poeira, de vapores de combustíveis e de óleo mineral inalados diariamente favorece o desenvolvimento do câncer.
“As condições de trabalho dos motoristas estão diretamente relacionadas às condições das estradas. É certo que existem outros fatores, mas, em grande parte, a saúde do trabalhador é prejudicada pela precariedade das rodovias”, afirma o presidente da Fetropar, João Batista da Silva.
“Precisamos exigir maior investimento por parte dos governos, para que os trabalhadores não venham a adoecer pelo descaso e pelo abandono das nossas estradas”, finaliza.
Fonte: Fetropar