Transtornos mentais e comportamentais são a terceira maior causa de incapacidade que atinge os trabalhadores brasileiros, com 668.927 mil casos em 2016, de acordo com dados de um estudo da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda.
Mesmo com esse dado alarmante, ainda há resistência em se reconhecer a relação entre o trabalho realizado e a doença mental. Em inúmeros casos, a empresa não admite que sua atividade é disfuncional e provoca danos psíquicos aos trabalhadores.
Uma das categorias que mais sofre com esse tipo de doença do trabalho é a dos motoristas de transporte coletivo. São recorrentes as notícias e casos de trabalhadores que vivenciam situações de medo e terror, quando os veículos são alvos de assaltos violentos, inclusive com tiroteios, agressões e pessoas feridas. São traumas que podem gerar sequelas futuras nos trabalhadores.
“Não restam dúvidas de que esses trabalhadores estejam desenvolvendo doenças psíquicas, pois além da sobrecarga laboral, com jornadas longas, pressão dos patrões e prazos apertados, estão expostos à violência urbana, que acomete os motoristas diariamente”, afirma o presidente do Sinttrol, João Batista da Silva.
Nos casos de ocorrências graves de violência, como assaltos a mão armada, são comuns diagnósticos de estresse pós-traumático, depressão e transtorno do pânico.
Além dos aspectos destacados pelo presidente da entidade, a profissão de motorista está constantemente sob ameaça de outros fatores. As péssimas condições de assistência médica, o estresse, o estado precário de conservação dos ônibus, o excesso de trabalho, os altos níveis de ruído e de calor e a exposição contínua a poluentes químicos são alguns exemplos.
Como os motoristas adoecem?
Um estudo feito pela Revista Brasileira de Medicina do Trabalho denominado “De que adoecem e morrem os motoristas de ônibus?”, analisou as internações desses trabalhadores em hospitais psiquiátricos. As principais causas dos registros foram transtornos mentais de humor, psicoses, paranoias e também outros distúrbios psiquiátricos menores. Em alguns locais constatou-se ainda uma alta incidência de suicídio.
“É urgente implementar mudanças para a categoria tanto em relação às condições laborais como no ambiente de trabalho, para proteger e minimizar os impactos sobre a saúde dos motoristas”, ressalta João Batista.
Fonte: Sinttrol