O motorista de aplicativo Antônio Carlos Rodrigues não se conteve e desabafou, depois de viver uma experiência bem dolorosa: ele ficou preso desde o dia 13 de julho, apontado pela polícia do Rio de Janeiro de ser um dos ladrões que assaltaram o Consulado da Venezuela, em junho. O problema é que ele era inocente. Sua família teve de tomar a iniciativa de investigar e descobrir que o verdadeiro criminoso já estava preso. “Nunca mudou e nunca vai mudar: a sociedade foi e sempre vai ser racista, e a Justiça é cega e falha”, disse.
Em entrevista a Flávia Januzzi, da Globo Rio, Antônio relembrou da semana que passou na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte do Rio. “Eles me pegaram com a roupa do corpo. Fiquei com essa roupa até ontem. Quando fui solto, eu tirei a camisa e joguei fora”, contou ele, que afirmou não ter conseguido dormir durante o período em que ficou preso: “Lá, não tinha dormido, não dormi. Fiquei esses dias sem conseguir dormir”, afirmou. “Desde o momento em que me colocaram para dentro da cela pensei: Minha vida acabou”, acrescentou.
Ele revelou que dividiu a cela com nada menos do que 80 homens. “Eu estou com medo ainda. Tive medo lá dentro e estou com medo agora. Ruins, péssimos, horríveis, nojentos. Cada um faz o que quer da sua vida. No meu caso eu não procurei estar ali, fui colocado”, contou, indignado.
Antônio foi preso, confundido com o ladrão que assaltou o Consulado da Venezuela, crime que foi registrado por câmeras de segurança. A confusão da polícia foi baseada em fotografias de redes sociais. Policiais da Delegacia de Apoio ao Turista viram fotos de Antônio e “identificaram” supostas semelhanças com o verdadeiro criminoso.
O relatório da delegada Valéria Aragão indica que ambos são carecas, com orelhas grandes, pontudas e voltadas para fora. Ela também citou a cor da pele, o formato do nariz e o formato da cabeça. A família resolveu apurar por conta própria e descobriu que o verdadeiro ladrão já estava detido. A delegada Valéria Aragão não quis se manifestar. Disse, somente, que a investigação é sigilosa.
Fonte: Revista Forum