O barulho nas vias públicas irrita e incomoda, mas esses não são seus únicos efeitos negativos em longo prazo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a chamada poluição sonora causa indiretamente problemas como estresse, distúrbios no sono e doenças cardiovasculares. As mesmas pesquisas apontam que 10% da população mundial sofre com perdas auditivas, sendo que cerca de 30% desses casos são relacionados aos ruídos nas cidades.
Pode ser difícil conseguir visualizar como o excesso de sons causa danos tão graves à saúde, já que esse mal é invisível e parece inofensivo. Os problemas acontecem porque o barulho tem um papel específico nas reações do corpo humano.
Basicamente, ruídos são interpretados pelo organismo como um sinal de perigo. Barulhos a partir de 60 decibéis — mais ou menos o “volume” de uma conversa normal entre duas pessoas — já começam a ser considerados ameaças. O cérebro reage a esse estímulo liberando hormônios e reservas energéticas. Nos centros urbanos, sobretudo no trânsito, esse processo acontece várias vezes ao dia. Com isso, doenças e sintomas começam a aparecer.
Na opinião do presidente do Sinttrol, João Batista da Silva, rodoviários e passageiros precisam atentar para o fato de que não são apenas barulhos de outros veículos que causam consequências. “Barulhos de motor, buzinas e freadas têm um grande papel na poluição sonora, é claro. Mas dentro do ônibus há outros riscos, como pessoas que escutam música sem fones de ouvido e conversas altas, por exemplo”, alerta.
Impactos da poluição sonora na saúde
Como o organismo libera reservas de açúcar e gordura quando exposto aos barulhos, e essas substâncias são responsáveis pela energia do indivíduo, alguns efeitos que podem ser sentidos em médio prazo são cansaço, fadiga, insônia, irritabilidade, estresse, ansiedade, dificuldade para se concentrar e dores de cabeça.
A exposição diária aos ruídos favorece problemas mais graves. O processo altera a respiração e ritmo dos batimentos cardíacos, levando ao aparecimento de doenças cardiorrespiratórias — incluindo infartos. Com toda essa pressão, os músculos passam a se contrair e liberar substâncias inflamatórias na corrente sanguínea, que podem atingir todos os órgãos.
O sistema digestivo também é afetado. O estômago acelera a produção de ácido gástrico, causando gastrite, hérnias e úlceras, que podem exigir procedimentos cirúrgicos e até mesmo levar à morte. Já o intestino fica desregulado, ocasionando constipação e dores.
“A poluição sonora é um problema negligenciado pelas autoridades. Os parlamentares precisam urgentemente propor políticas públicas para conter a situação, principalmente por meio da elaboração de leis sobre o tema, e as empresas precisam priorizar a saúde do trabalhador que é afetado diretamente por esses fatores de riscos à sua integridade física e mental”, defende João Batista.
Fonte: Sinttrol