Do total de escolas ameaçadas de fechamento, 31 são estabelecimentos rurais. Outros 19 são Ceebjas, voltadas ao ensino de jovens e adultos
A Secretaria de Estado da Educação (Seed) admitiu na quinta-feira (22) que estuda fechar 71 escolas em todo o Paraná. “Houve um pânico desnecessário. É metade do que o sindicato disse”, diz a superintendente da Secretaria, Fabiana Campos, referindo-se à informação de que 150 escolas estão ameaçadas de fechamento, divulgada pela APP-Sindicato, entidade que representa os professores da rede pública estadual. Segundo a superintendente, das escolas sob risco de fechamento, 31 são rurais, 19 são Centros de Educação Básica de Jovens e Adultos (Ceebjas) e outras 21 ocupam imóveis alugados. A Seed não divulgou lista das 71 escolas.
A superintendente negou ainda que serão fechados os colégios estaduais Barão do Rio Branco, Dom Pedro II e Xavier da Silva, em Curitiba. Na quarta-feira, a Seed foi consultada sobre o fechamento dessas escolas, mas não descartou a possibilidade. Fabiana Campos confirmou, porém, o remanejamento na capital dos Ceebjas Paulo Freire e Poty Lazzarotto, que passarão a funcionar nos colégios estaduais Barão do Rio Branco e Tiradentes.
O corte de gastos é o principal argumento para justificar o fechamento de escolas e a transferência de Ceebjas. Segundo a Seed, são gastos anualmente R$ 2 milhões com o aluguel de prédios onde funcionam escolas. O remanejamento dos Ceebjas Paulo Freire e Poty Lazzarotto vai possibilitar uma economia de cerca de R$ 700 mil por ano – R$ 300 mil de aluguel em cada um deles, mais R$ 100 mil em despesas com telefone, água e energia, segundo a Seed.
Outro alvo preferencial da Secretaria da Educação são as escolas rurais. Do total de 540 do Paraná, 31 podem ser fechadas. Segundo a superintendente, as decisões serão tomadas considerando a demanda. Ela argumenta que nenhum aluno será prejudicado. “Temos turmas com seis alunos, em localidades em que a demanda vai diminuindo naturalmente”, afirma.
Críticas
A APP-Sindicato criticou o fechamento de escolas e avalia que a medida vai aumentar a evasão. “Os ataques do governo à educação hoje miram as escolas rurais e os Ceebjas”, diz Walkiria Mazeto, secretária educacional da APP. “Não pode ser olhado só o lado do corte de gastos. A gente tem que olhar também para o prejuízo pedagógico dos alunos e para os efeitos nas comunidades. O fim de escolas rurais vai gerar migração para as cidades. Se os filhos tiverem que ficar cinco horas por dia no transporte escolar para ir para a escola, é melhor mudar para a cidade.”
Walkiria considera grave o fechamento e transferência de Ceebjas. “Os alunos desses centros retomaram os estudos, por incentivo de familiares e amigos. Normalmente estudam perto do trabalho. Se forem obrigados a se deslocar, é provável que acabem desistindo”, afirma.