Setransp repudiou declaração de Gregório, que considerou a greve um “instrumento de pressão” das empresas, e culpou prefeitura por colapso do sistema de ônibus

Às vésperas da reunião que pode impedir a greve de ônibus em Curitiba, o clima esquentou entre o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba (Setransp) e a Urbs. Na sexta-feira (27), o presidente da Urbs, Roberto Gregório, declarou que as empresas de ônibus estão “usando os trabalhadores” como instrumento de pressão na negociação da tarifa técnica. No domingo (29), as empresas responderam, por meio de uma nota, que “repudiam” as declarações e que a atitude dificulta as negociações.

Leia mais sobre a greve de ônibus em Curitiba

Nesta segunda-feira (30), motoristas e cobradores vão se reunir com os empresários no Ministério Público do Trabalho (MPT) para buscar umasolução para o impasse. Os trabalhadores aprovaram um indicativo de greve na sexta. Na semana passada, as empresas de ônibus disseram não ter dinheiro para pagar o 13.º salário, que haverá atrasos no pagamento dos salários em janeiro e fevereiro e que, também, serão demitidos dois mil trabalhadores das linhas urbanas.

Com a prefeitura e as empresas de ônibus trocando acusações, a sinalização é de que uma conciliação para evitar a greve está distante. As empresas defendem que a tarifa técnica, que hoje está em R$ 3,21, seja reajustada para R$ 3,40 antes do fim do ano, enquanto a prefeitura espera fazer essa discussão somente na data-base para a renovação da tarifa – que ocorre em fevereiro de 2016.

Farpas

Em entrevista na sexta-feira, Gregório acusou as empresas de usarem a situação como instrumento para pressionar pela renegociação da tarifa. “As empresas estão querendo ganhar, no nosso entendimento, através de um instrumento de pressão. Esse instrumento é típico, estão usando esse esforço para ter aumento na tarifa técnica, estão usando os trabalhadores para isso”, disse.

“O que precisamos é de empresas que se profissionalizem e estejam na vanguarda das ações e não simplesmente fiquem esperando reajuste de tarifa para aumentar os seus lucros”, completou o presidente da Urbs.

As empresas responderam através de nota. “Esse tipo de atitude torna ainda mais difícil o encontro de uma solução. Ao que parece, o poder concedente não quer que o sistema de transporte público de Curitiba evolua e continue sendo um modelo para o mundo – como é há tantos anos”, diz a nota.

Os empresários citam que o sistema de ônibus tem um índice de eficiência de 99,2%, “graças à operação competente realizada pelas empresas”. De acordo com eles, o sistema está em colapso “pelo não cumprimento de contrato [por parte da prefeitura], que resulta no desequilíbrio econômico-financeiro, já que a tarifa técnica estipulada pela Urbs não cobre os custos da operação”, diz a nota, que cita ainda dificuldades de pagamento da prefeitura em outros setores.

Tréplica

A Urbs se pronunciou também por meio de nota sobre o assunto.

“A Urbs e a prefeitura consideram que o momento é de busca de uma solução capaz de evitar transtornos e prejuízos para os usuários e os trabalhadores do transporte coletivo. Por isso, não comentarão a nota do Setransp, mas continuarão trabalhando no processo de diálogo mediado pelo Ministério Público, tendo como foco permanente o interesse público envolvido na questão”, diz o documento.

Fonte: Gazeta do Povo