Em 1999, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) formalizou o conceito de “trabalho decente”. De acordo com a entidade, ele diz respeito às oportunidades para que homens e mulheres tenham um trabalho de qualidade, em condições de liberdade, segurança e dignidade humana.
O mercado de trabalho brasileiro, contudo, revela que há um grande abismo entre esse conceito e a realidade do país. Hoje, 30% dos trabalhadores sofrem com a síndrome do esgotamento profissional – ou síndrome de burnout –, fruto principalmente das péssimas condições de trabalho.
Os números são de uma pesquisa da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), responsável por mapear os níveis de estresses no mercado de trabalho. Entre os identificados com a síndrome, 94% se sentem incapacitados para o trabalho, 93% alegam estar exaustos e 47% sofrem de depressão.
Essa verdadeira epidemia de desânimo e esgotamento revela que o mercado de trabalho brasileiro não respeita os limites da mente humana. Em nome da produtividade, muitas empresas cobram metas abusivas que afetam diretamente a saúde dos trabalhadores.
Para os motoristas rodoviários, a combinação entre a cobrança excessiva e a tensão do trânsito pode ser explosiva para a saúde mental. A categoria dos rodoviários é uma das mais expostas ao estresse crônico e, consequentemente, tem mais chances de adoecer.
Para o presidente da Fetropar, Moacir Ribas Czeck, os dados revelam que, para grande parte das empresas, a saúde e o bem-estar dos trabalhadores não são importantes. “Assim como o corpo, a mente humana tem um limite. Quando o trabalhador é exposto a grandes níveis de estresse, ele adoece, e isso não tem nada a ver com fraqueza pessoal. Trata-se de uma resposta da mente às precárias condições de trabalho”, explica.
Como identificar a síndrome?
Os principais sintomas da síndrome do esgotamento profissional são agressividade, isolamento, mudanças repentinas de humor, lapsos de memória, ansiedade e, em casos mais graves, depressão. Além disso, a síndrome pode se manifestar fisicamente por meio de enxaqueca, palpitação, pressão alta, insônia e dores musculares.
“O trabalhador que se sentir atingido por esses sintomas pode entrar em contato com o seu sindicato e avaliar o que pode ser feito. Em alguns casos, é possível solicitar afastamento do trabalho pelo tempo necessário para a recuperação”, orienta Moacir.
Fonte: Fetropar