A instabilidade do cenário político e econômico tem afetado as negociações salariais dos trabalhadores do setor de transportes. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, revela que as empresas de transportes tiveram uma redução acumulada de 12,1% da receita líquida neste ano. Esse cenário é refletido na hora de fazer o reajuste salarial da categoria.

No dia 23 de junho, o coordenador de negociações coletivas e jurídico da Fetropar, José Aparecido Faleiros, se reuniu com representantes do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar) para assinar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) referente ao período de 2016/2017.

Conforme explicação de Faleiros, historicamente as negociações para os trabalhadores rodoviários de cargas têm sido equilibradas. Porém, a atual situação econômica e política do país, segundo Faleiros, tem afetado o reajuste do salário dos trabalhadores.

“Nessa situação adversa, em que muitas empresas estão até demitindo os funcionários, sentimos isso dentro das entidades sindicais, com relação às rescisões de contrato”, comentou.

Reajustes

A CCT é uma negociação que acontece entre o sindicato patronal e o dos trabalhadores. Para o ano base de maio/2016 a abril/2017, os trabalhadores do setor de transportes conseguiram um reajuste de 9,83% sobre os pisos. Já o índice de aumento geral foi de 9% para todos os empregados que ganham até R$ 7.000,00 e que não possuem pisos fixos definidos pela CCT.

Já para os trabalhadores que recebem acima de R$ 7.000,00, ficou garantido que, a partir de maio, haveria um acréscimo de R$ 630,00 nos salários, mais a condição de negociarem reajustes livremente e diretamente com as empresas. O ticket-refeição ficou estabelecido em R$ 16,00 por dia, enquanto os valores das diárias de viagem para almoço e jantar agora é de R$ 21,00. Já para o café e o pernoite, os valores são de R$ 10,00.

“Neste ano, para manter o instrumento coletivo de trabalho e buscar entender esse momento que as empresas vêm passando, nós acabamos por aceitar, em comum acordo com o Sintracarp (Sindicato dos Trabalhadores, Motoristas em Geral, Ajudantes de Caminhões, Conferentes, Escritórios e Administração, nas Empresas de Transportes Rodoviários de Cargas Líquidas, Gasosas, Combustíveis, Secas, Fracionadas, A Granel e em Geral, no Estado do Paraná), a última proposta que foi construída em conjunto – de zeramento da inflação e de manutenção das demais cláusulas”, explicou.

O presidente do Sintracarp, Vicente Venuk Pretko, explicou que o número de rescisões, feitas pelo Sindicato, também influenciou as negociações. Entre 2014 e 2016, o setor dispensou uma média de oito a dez mil trabalhadores. Embora a meta fosse alcançar correção de 9,83% para todos os trabalhadores, Vicente considera que, em comparação com as CCTs de outros estados, o resultado foi razoável.

“Nós avaliamos algumas convenções do interior de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A maior parte delas foi feita em duas vezes. A gente queria que fosse melhor, mas infelizmente não deu”, considerou.

Fonte: Fetropar