No ambiente de trabalho, o respeito à saúde do trabalhador também precisa refletir no dia a dia da jornada de trabalho. Os cobradores de ônibus de Curitiba e região metropolitana, no entanto, continuam enfrentando o problema da falta de banheiro.

Desde 2015, mais de R$ 650 mil – dinheiro que provém das tarifas de transportes – foram repassados às empresas gestoras do sistema com o propósito de construir banheiros químicos. No entanto, nenhum banheiro foi construído até então.

Embora seja direito do trabalhador usar o banheiro, nas estações tubo não existem banheiros. Para piorar, várias estações ficam afastadas de pontos comerciais. Isso faz com que muitos cobradores utilizem terrenos baldios ou áreas isoladas como “opções”.

Em 2014, o Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) ingressou com uma ação para cobrar melhorias nas estações-tubo, pois a situação era considerada de risco à saúde. De lá para cá, no entanto, nada mudou.

Em novembro do ano passado, um juiz do Tribunal Regional do Trabalho estabeleceu que a Urbs e a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) instalassem banheiros nas estações. A decisão, no entanto, precisa ainda de uma análise de um colegiado do Tribunal Regional do Trabalho.

Como alternativa de emergência, a Urbs inseriu a conta do aluguel dos banheiros químicos na tarifa de ônibus. Mas as empresas que gerenciam o sistema de transporte se recusam a fazer a contratação. No meio desses problemas, o trabalhador continua sem alternativas para cuidar das necessidades básicas do corpo humano.

A situação é uma das causas dos problemas de saúde. Muitos cobradores relatam infecções na bexiga, incontinência urinária, cálculo renal com cálculo urinário, conforme relato do médico responsável por atender trabalhadores do transporte coletivo de Curitiba. Até mesmo o tratamento médico é dificultado por causa da adversidade.

De acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar), João Batista da Silva, a falta de banheiros é um descaso muito grande com o trabalhador, pois os ambientes de trabalho precisam estar equipados para atender às normas de saúde, higiene e segurança.

Em um protesto realizado em dezembro de 2015, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) instalou um banheiro de alvenaria em uma estação-tubo do Sítio Cercado. A construção foi uma forma de demonstrar a reivindicação da categoria e a negligência dos órgãos competentes em agir para resolver o problema.

Fonte: Fetropar