Nos últimos anos, o tema da mobilidade urbana ganhou visibilidade no Brasil. O crescimento exagerado do número de veículos particulares, especialmente os carros, transformou o simples ato de se deslocar em uma tarefa estressante para a maioria dos brasileiros.

Mesmo com a dimensão do problema, poucas políticas públicas de mobilidade estão sendo desenvolvidas para solucionar as deficiências do trânsito nas cidades brasileiras.

Diferentemente de outros países que enfrentam o mesmo problema, o Brasil não segue a tendência de priorizar o transporte coletivo e a utilização de veículos não motorizados. Com passagens caras, linhas defasadas e trabalhadores desvalorizados, os brasileiros não veem o ônibus como uma opção vantajosa.

Dessa maneira, o Brasil contribui com o crescimento da cultura do carro e estimula a percepção de que a solução para os problemas do trânsito é individual e não coletiva.

Nas últimas décadas, o transporte brasileiro ficou mais individualista: de 2001 a 2012, a frota de veículos particulares mais que dobrou, passando de 24 milhões para 50 milhões de carros.

O resultado não poderia ser diferente: ruas e avenidas estão constantemente engarrafadas, o país é um dos campeões em número de acidentes e os motoristas são submetidos a uma grande carga de estresse.

Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, é urgente que todas as esferas do governo iniciem uma profunda reformulação do transporte brasileiro, com prioridade para a solução dos problemas de mobilidade urbana. “Quando o transporte público não é convidativo, o crescimento do número de carros particulares é inevitável. Não tem como diminuir o inchaço das cidades brasileiras sem investimento em um transporte coletivo de qualidade”, defende.

Soluções

Uma das soluções para os problemas de mobilidade urbana é a “desmotorização”, ou seja, a diminuição progressiva do número de veículos motorizados nas cidades. A iniciativa envolve duas ações combinadas: tornar o transporte público mais atrativo e dificultar a utilização dos carros particulares.

Países da Europa e até mesmos os Estados Unidos, reconhecidos pela forte cultura do carro, estão passando pela “desmotorização”.

O desafio brasileiro para a mobilidade é justamente o investimento em transporte coletivo, que na maioria das vezes esbarra nos interesses econômicos e corporativos das empresas do transporte e da indústria automobilística.

Para garantir a continuidade do modelo defasado que o país tem hoje, esse setor econômico vende a ideia de que o deslocamento individual não tem relação com a ineficiência do trânsito brasileiro. Superar essa visão depende de uma grande pressão popular para que essas prioridades sejam invertidas e para que o transporte no Brasil deixe de ser um problema.

Fonte: Fetropar