Orgulhar-se da profissão não significa ignorar que ela precisa melhorar. Os motoristas rodoviários, por exemplo, são uma das categorias mais importantes para o desenvolvimento do país. Eles são responsáveis pelo transporte de 75% de todas as mercadorias que circulam pelo país.

A importância desse trabalho, no entanto, não é correspondida com valorização. Muitas vezes, quem não é da profissão nem imagina as dificuldades e os riscos que os motoristas rodoviários precisam superar cotidianamente.

A Fetropar listou quatro pontos que as empresas e o governo precisam melhorar para garantir mais valorização ao ofício do motorista. Confira:

1) Manutenção das rodovias

As estradas são o ambiente de trabalho do motorista. Isso significa que, quando elas estão em situação precária, o impacto sobre a atividade do rodoviário é inevitável. Infelizmente, isso é uma realidade.

Um levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) identificou que 57% dos trechos avaliados pela entidade apresentam um estado geral classificado como regular, ruim ou péssimo.

Além de representar um grande risco à segurança de todos nas rodovias, a falta de manutenção das rodovias dificultam – e muito – a rotina dos rodoviários.

2) Infraestrutura precária

Para a maioria dos trabalhadores, ir ao banheiro durante o expediente não é um problema. Já para os rodoviários,  esse ato simples pode se tornar um grande desafio.

As estradas brasileiras não contam com a estrutura necessária para atender os motoristas. Essa deficiência estrutural é incompatível com a quantidade de veículos que circulam diariamente fazendo o transporte de cargas.

Um investimento conjunto entre o Poder Público e as empresas poderia solucionar esse gargalo e garantir mais qualidade de vida para a categoria.

3) Insegurança

As estradas do Brasil estão entre as mais perigosas do mundo. Uma pesquisa da Joint Cargo Committee concluiu que, entre os 57 países analisados, o Brasil é o sexto que mais registrou roubos de carga. Os números são parecidos com os de países em situação de guerra, como a Síria e o Afeganistão.

Além dos evidentes riscos à integridade dos trabalhadores, a insegurança provoca uma tensão permanente que afeta a saúde dos motoristas. Trata-se de uma categoria que frequentemente sofre com episódios de estresse e crise de ansiedade.

4) Metas abusivas

Parece óbvio dizer que o motorista não tem controle sobre o que acontece no trânsito. Se, inesperadamente, um congestionamento se formar, não há nada a fazer que não seja esperar.

Para os rodoviários, no entanto, essa situação cotidiana pode se tornar um pesadelo devido às metas abusivas praticadas pelas empresas. Nesse ponto, a explicação é simples: os patrões ignoram as limitações dos trabalhadores e cobram uma produtividade inalcançável com o objetivo de lucrar ainda mais.

Para o presidente da Fetropar, Moacir Ribas Czeck, os pontos levantados indicam que a luta dos trabalhadores por respeito e dignidade precisa ser constante.

“Os rodoviários cumprem um papel fundamental para a sociedade, mas não são valorizados por isso. A mobilização dos trabalhadores precisa ser permanente para cobrar das empresas e do governo o devido reconhecimento à profissão”, afirma.

Fonte: Fetropar