O abismo social entre negros e brancos se expressa de várias maneiras na sociedade contemporânea. Uma delas é a diferença salarial entre as duas populações.
De acordo com o Mapa da Desigualdade 2018 – um levantamento feito pela Rede Nossa São Paulo — o salário médio de um trabalhador negro é de R$898,00, enquanto um trabalhador branco recebe, em média, praticamente o dobro desse valor: R$1.598,00.
A existência dessa desigualdade já é perversa por si só, mas a situação fica ainda pior quando olhamos as expectativas de melhora para os próximos anos.
O mesmo estudo concluiu que, com base nas evoluções das últimas duas décadas, a perspectiva é que a equiparação salarial entre os dois grupos de trabalhadores só se concretize em 2089, ou seja, dentro de 70 anos.
“Essa diferença acontece por uma herança da escravidão. Ainda hoje, os negros têm menos oportunidades com carteira assinada e são alocados em cargos com salários menores. Um dos deveres do movimento sindical é, também, observar os problemas dos trabalhadores sob um recorte racial para combater esse tipo de discriminação”, explica o presidente da Fetropar, João Batista da Silva.
A diferença salarial entre brancos e negros é fruto do chamado racismo estrutural, ou seja, um preconceito racial que está enraizado na sociedade de forma tão profunda que esse tipo de diferenciação já é naturalizada dentro das empresas e em outras instituições.
“Em longo prazo, a saída para mudar essa questão é investir em políticas públicas e educação. Por ora, todos que lutam pelos direitos dos trabalhadores precisam ficar atentos para denunciar essas situações e reivindicar avidamente que essas empresas sejam punidas”, afirma João Batista.
Fonte: Fetropar