O momento é para estabelecer novos desafios e novas metas para a Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar). Por isso, em 24 e 25 de maio, a diretoria da entidade e os sindicatos filiados se reúnem para debater o Replanejamento Estratégico 2016-2020.
Atualizar o movimento sindical é, também, uma forma de compreender as alterações que acontecem em sociedade, planejar estratégias e, até mesmo, antecipar as ações dos patrões e governos para, diante disso, se preparar para os momentos difíceis que serão enfrentados.
No primeiro dia do evento, o economista e supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE-SC), José Álvaro Cardoso, e o analista político e diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Antonio Augusto Queiroz – o Toninho do DIAP – abriram o debate sobre o atual cenário político brasileiro e sobre como algumas medidas adotadas podem ser prejudiciais para as conquistas dos trabalhadores ao longo dos anos.
Com o tema Desafios, Ameaças e Oportunidades para os Trabalhadores do Transporte do Paraná, os palestrantes trouxeram reflexões para as lideranças sindicais e mostraram que o cenário político exige uma análise sobre o papel e o propósito do movimento sindical.
“Há, em curso, um grande movimento no sentido de desregulamentar direitos e regulamentar restrições. Ou seja, retirar direitos da lei e colocar, no lugar, algo que impeça o acesso ao direito no futuro”, questionou Toninho.
Conforme destacou o analista, dar clareza à organização sindical e tornar evidente seu objetivo – que é a defesa do trabalhador – é fundamental. Por isso, a importância do replanejamento.
Algumas práticas, na opinião do especialista, são imprescindíveis para tornar relevante a importância do sindicato como um ente coletivo. Dentre elas, destaca-se a promoção de eventos, a abertura do sindicato para os trabalhadores e a participação dos dirigentes sindicais em debates e discussões que fortaleçam a categoria.
“A intenção é mostrar a importância da instituição na defesa do interesse coletivo, mostrar que isso é uma forma de fazer política e que a solução dos problemas coletivos passa pela política, pela unidade, pela solidariedade, pela coletividade”, finalizou o analista.
Replanejamento perpassa pela formação dos dirigentes sindicais
Formar lideranças com capacidade real para estar à frente dos sindicatos é um dos objetivos do Replanejamento Estratégico. Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, há, ainda, uma deficiência no caráter formativo dos dirigentes.
“Porque uma coisa é você brigar por salário, por condições de trabalho – pelas bandeiras da ‘porta da cozinha’. Outra coisa é você arregimentar forças para defender as bandeiras de nível nacional, institucional; a própria legislação, os direitos sindicais e a forma de custeio da estrutura sindical. Enfim, bandeiras históricas que correm riscos com a onda neoliberal que vem aí”, afirmou João Batista.
Para o presidente, os líderes sindicais precisam estar preparados para a defesa dos direitos sociais e trabalhistas na luta cotidiana do movimento.
“A Federação já é uma organização de trabalho efetivo, de ação concreta. Mas não há nada tão perfeito que não possa melhorar. Essa frase, talvez, pode sintetizar a iniciativa desse replanejamento”, finalizou o presidente.
Planejar para se atualizar e conseguir maior participação
É fundamental que o movimento sindical, a cada momento, repense as estratégicas e as formas de organização. O planejamento também precisa ser parte integrante da vida do sindicato. Foi o que salientou o coordenador geral do Replanejamento, Adilton de Paula. Por isso, o processo é uma forma de fazer com que todos os dirigentes da organização se sintam participantes, responsáveis e comprometidos com a organização.
“Quando se pensa em federação ou sindicato, que tem um conjunto de tarefas relacionadas à luta pelas condições de vida, de trabalho e de saúde dos trabalhadores, é necessário que o planejamento seja constante”, analisou o coordenador.
Para ele, repensar o planejamento no atual cenário político é, também, uma forma de atualizar o movimento sindical. E o Replanejamento Estratégico tem como princípio uma participação cada vez maior dos dirigentes sindicais e trabalhadores.
“A ideia de um sindicato meramente fechado, para dentro do local de trabalho, está extinta. Nós precisamos pensar um sindicato que dialogue, o tempo todo, com a sociedade, com a vida das pessoas, com as questões que estão colocadas”, finalizou.
Fonte: Fetropar