Discutir as negociações salariais dos trabalhadores é, quase sempre, motivo de impasse entre os interesses do setor patronal e as demandas dos empregados.

Por isso, para debater o fechamento da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) deste ano, a Comissão de Negociações da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar) se reuniu, em 16 de agosto, com os representantes do Sindicato do Comércio Varejista de Veículos, Peças e Acessórios para Veículos no Estado do Paraná (Sincopeças-PR).

Essa é a terceira vez que a Comissão tenta estabelecer, com o Sincopeças-PR, os ajustes finais da CCT. Enquanto isso, os motoristas do setor aguardam pelo reajuste dos salários. A data-base da categoria é em 1 de maio. No entanto a CCT ainda não foi firmada, por causa da contraproposta oferecida pelo setor patronal, que não atende às necessidades dos trabalhadores.

Os rodoviários reivindicam um reajuste de 10%, mas os representantes patronais não concordam com essa proposta. Eles querem parcelar o reajuste e não oferecem nem o valor do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) inteiro. Entre maio de 2015 e abril de 2016, o INPC acumulado foi de 9,83%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme explicação de um dos coordenadores da Comissão de Negociações Edmilson Pereira da Mata, os trabalhadores não vão aceitar o reajuste dessa maneira porque isso representaria perda salarial.

Outro ponto pertinente à CCT, e que contribui para o impasse no fechamento, é a vigésima terceira cláusula, que dispõe sobre a locação de motos, a manutenção e a taxa de entrega.

Segundo determinação da última CCT da categoria, quando o empregador utilizar a moto de seu empregado para locação, o valor estipulado é de R$ 380,00. Já o valor referente à manutenção e ao combustível deve ser de R$ 350,00. Esses valores não são integrantes da remuneração salarial do empregado.

A última CCT também dispõe sobre a taxa de entrega. Esse valor, de acordo com a Convenção, deve ser de, no mínimo, R$ 3,50. Assim como o salário do trabalhador, o pagamento deve ser realizado até o quinto dia útil de cada mês.

O setor patronal, no entanto, quer uma mudança na cláusula, pois deseja que esses valores sejam definidos por meio de livre negociação entre empregadores e empregados. Para Edmilson, isso traz prejuízos e é uma das principais dificuldades para o fechamento da CCT.

“É um impacto negativo para os trabalhadores, porque alguns empregadores não irão pagar a taxa de entrega, por exemplo. Outros, irão oferecer apenas R$ 1,00”, avalia.

Fonte: Fetropar