Obra em trecho entre Cornélio e Jataizinho será realizada em troca de a concessionária ser liberada de fazer contorno norte em Londrina

O governo do Estado anunciou na noite de ontem, por meio do site Agência Estadual de Notícias, que a concessionária de pedágio Econorte concordou em antecipar para o início do próximo semestre a duplicação de 32 quilômetros (km) da BR-369, entre Jataizinho, no Norte, e Cornélio Procópio, no Norte Pioneiro. A obra estava prevista para começar em 2021 e, em troca, o governador Beto Richa assumirá a responsabilidade pela construção do contorno norte em Londrina, entre a BR-369 e a PR-445.
Na Econorte, ninguém foi encontrado na noite de ontem para comentar a negociação. Segundo a assessoria do Departamento de Estradas e Rodagem (DER) do Paraná, não foi definido se haverá reajuste do pedágio. O objetivo é evitar ao máximo a pressão sobre o valor da tarifa, da mesma forma que ocorreu em obra em Cascavel, quando a alta pela antecipação de um trecho modificado foi de 0,14%, informa o DER. 
Outro ponto é que o contorno norte em Londrina previsto no contrato com a Econorte é de pista simples e não contemplaria a necessidade atual da cidade, conforme o DER. Por isso, o fato de o governo estadual assumir a obra tende a tornar o projeto mais apropriado, com acessos duplicados. 
O prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff, afirmou ontem que não participou da negociação com a concessionária, mas que sabia da demanda de duplicação do trecho entre Jataizinho e Cornélio. Sobre o contorno norte em Londrina, ele confirma que a proposta prevista em contrato era muito antiga, de 1997, e não atenderia o tráfego londrinense. “Esse contrato com a Econorte previa a execução do contorno em 2017 e, se não tivermos perda em relação ao prazo e contarmos com pistas duplicadas, melhor”, avaliou. 

Campanha

A necessidade de melhores infraestrutura e condições em rodovias na região foi tema do 2º EncontrosFolha, promovido pelo Grupo FOLHA, em junho de 2014. Entidades como a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), as sociedades rurais da região, a Associação dos Municípios do Norte do Paraná (Amunop) e a Associação dos Municípios do Norte Pioneiro (Amunorpi), entre outras, iniciaram uma campanha neste ano para cobrar pressa pelo início da duplicação. O trecho é considerado perigoso e prejudicial à economia local, por dificultar o escoamento de cargas. 
Além da duplicação da BR-369, a Econorte assumirá a implantação de terceiras faixas e de melhorias de Cornélio até a divisa com São Paulo, em Ourinhos. O trecho não estava previsto em contrato com a Econorte, de acordo com o governo paranaense. A previsão é que a concessionária conclua os projetos até março de 2016, o que permitirá o início da obra ainda no primeiro semestre do próximo ano. O custo está estimado em 
R$ 90 milhões. 
O presidente da Faep, Ágide Meneguette, disse ontem que não sabia sobre o acordo. Procurado pela reportagem ontem no início da noite, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Valter Orsi, também não tinha informações, mas arriscou afirmar que a medida seria política, para contribuir para a renovação antecipada do contrato com a concessionária, que vence no fim de 2021. “A empresa antecipa uma obra, ganha a simpatia da sociedade e abre-se uma porta para a renovação do contrato”, afirma. 
Ao contrário de entidades como a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Orsi não é contra antecipar a renovação. “Desde que haja redução de tarifa e duplicação de todo o anel de integração”, declara. 

Fonte: Folha de Londrina