Tanto o trabalhador que depende de transporte público diariamente quanto os que trabalham com os coletivos conhecem de perto os problemas enfrentados todos os dias: lentidão, atrasos, ônibus lotados, estresse. Não é novidade que é preciso pensar em alternativas que facilitem a vida de quem utiliza ônibus e de quem trabalha no sistema de transporte.

Quando se fala em modernização do transporte coletivo nas grandes cidades, as primeiras soluções sugeridas costumam ser a implantação do sistema de metrô ou Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). No entanto, o caminho pode ser mais simples. Índices sugerem que a adoção do Bus Rapid Transit (BRT), uma logística em que os ônibus são o meio de locomoção prioritário nos municípios, com a construção de faixas exclusivas, pode reduzir os custos de mobilidade urbana com aumento da qualidade do serviço.

Como o BRT solucionaria problemas no transporte público

Atualmente, os principais responsáveis pelo aumento do custo operacional da circulação de ônibus no Brasil são os congestionamentos. Os engarrafamentos influenciam diretamente dois fatores que encarecem o transporte coletivo: o óleo diesel, responsável por 23% dos custos, e os veículos, que representam a fatia de 19,1%.

A razão disso é que quanto mais tempo uma frota perde presa no trânsito, maiores são os atrasos, que fazem com que um número de veículos que seria suficiente não consiga mais suprir a demanda. Assim, torna-se preciso comprar novos ônibus, que poderiam não ser necessários em um cenário com menos carros nas ruas.

O presidente do Sinttrol, João Batista da Silva, explica que o custo seria drasticamente reduzido com a construção de faixas exclusivas para ônibus, melhorando a qualidade de vida do usuário. “O BRT é mais do que simplesmente construir um corredor. Envolve também providenciar estações confortáveis, veículos mais limpos e modernos, paisagismo, calçadas novas. Além de melhorar o transporte em si, adotar esse tipo de estratégia seria uma política que beneficiaria vários aspectos das cidades e melhoraria muito a vida do trabalhador, tanto do que utiliza os ônibus para se locomover quanto para os que dão duro diariamente fazendo o sistema funcionar”, pontua.

Além de baratear o sistema de transporte em si, a implantação de faixas exclusivas também consumiria menos recursos em relação a outras alternativas de locomoção. Para se construir 4.000km de corredores para ônibus, o investimento seria de cerca de 2,5 bilhões de reais — o equivalente a 5% do valor liberado pelo Pacto da Mobilidade Urbana, anunciado pela ex-presidente Dilma em junho de 2013.

João Batista da Silva lembra que hoje os projetos de mobilidade urbana priorizam os veículos particulares, que já ocupam 70% das vias públicas, embora transportem apenas 30% das pessoas. “Com o incentivo ao consumismo e ao acúmulo desenfreado, os governos estimulam cada vez mais a população a comprar carros e não pensam no transporte público, que é voltado para camadas menos favorecidas. Precisamos fazer pressão para que essa política mude e passe a priorizar a elaboração de um sistema de transporte coletivo mais barato, sustentável e efetivo”, finaliza.

Fonte: Sinttrol