Participantes de audiência pública convocada por quatro comissões permanentes da Câmara dos Deputados para avaliar a tragédia causada pelo rompimento de uma barragem com rejeitos de mineração em Mariana (MG) afirmaram que a mineradora Samarco, responsável pela estrutura, não avisou aos moradores atingidos sobre o que estava ocorrendo, o que impediu a fuga de vítimas.

Cláudia Bonalume, representante do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, disse que não havia plano de evacuação dos atingidos pelo rompimento da barragem no município de Mariana (MG):“Não havia plano de evacuação e, com isso, perdemos cinco adultos e cinco crianças”. 

A falta de plano de emergência foi confirmada por uma moradora atingida, Rosilene Gonçalves da Silva. Ela gravou um depoimento, apresentado pela comissão externa de deputados que visitou os locais atingidos no início da semana. Rosilene morava no povoado de Bento Rodrigues, a 35 km do centro de Mariana (MG), que foi totalmente destruído com o rompimento da barragem.

“Ninguém foi avisado. A barragem começou a romper duas horas antes e daria tempo para avisar todo mundo. Eles tinham o celular de todo mundo e não avisaram ninguém. A preocupação deles era só com o lucro que estava tirando dali, consideravam a gente lixo”, disse. 

Até a última segunda-feira (16), 12 pessoas ainda estavam desaparecidas e quatro corpos aguardavam identificação. Sete mortos na tragédia já foram identificados. Mais de 600 pessoas ficaram desabrigadas depois de abandonar suas casas. 

A subprocuradora da República Sandra Cureau , coordenadora da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural de Minas Gerais, disse estar “estarrecida” com o comportamento da mineradora Samarco.

“Estou estarrecida com a total falta de respeito da Samarco com os seres humanos. Ela não tinha plano de emergência e não sabe nem para quem avisou. E disseram que não tem que pedir desculpas a ninguém”, afirmou, se referindo a entrevistas de um diretor da empresa, que disse que não é o caso de pedir desculpas pelo que aconteceu.

 A audiência ocorre no Plenário 1.

Fonte: Câmara dos Deputados