Quando o assunto é mobilidade urbana, a imagem de grandes metrópoles com filas quilométricas de engarrafamento vem à mente. Pouco se fala, no entanto, sobre os problemas relacionados ao transporte público nas cidades de pequeno e médio portes, aquelas com até 100 mil habitantes.
De acordo com o Censo 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 44% da população brasileira vive em municípios desse tamanho. Nessas cidades, os problemas de mobilidade podem não ser parecidos com os dos grandes centros, mas eles também existem.
Os moradores convivem com a falta de acesso ao transporte público e com a má conservação das frotas, já que os veículos deteriorados dos grandes centros são repassados ao municípios menores.
Especialistas em mobilidade urbana ainda apontam que as cidades de pequeno e médio portes contam com pouca variedade dos meios de transporte, ausência de ciclovias e falhas de obras de acessibilidade (como as rampas para cadeirantes, por exemplo).
Por conta desse cenário, moradores de municípios menores ficam distantes do direito a um transporte público de qualidade. As soluções acabam sendo individuais, o que retira do Poder Público o dever de investir em meios de transporte compatíveis com a rotina dos trabalhadores. Essa deficiência vai contra as determinações da Política Nacional de Mobilidade Urbana, que defende o incentivo ao uso do transporte público.
Para o presidente do Sinttrol, João Batista da Silva, os trabalhadores de cidades menores acabam se tornando “invisíveis” ao Poder Público dessas localidades. “Se não tiverem a estrutura de mobilidade necessária, os municípios de médio porte podem ter tantos problemas quanto os de grande porte. Muitos trabalhadores precisam criar soluções individuais para essa escassez. A melhor maneira de reverter esse quadro é se mobilizar por uma política democrática de mobilidade urbana”, defende.
Fonte: Sinttrol