Com o corpo exposto a colisões e no comando de veículos menores num trânsito cada vez mais caótico, os motociclistas são o grupo que mais sofre acidentes. Segundo o levantamento do Centro de Reabilitação Lucy Montoro, órgão do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, 65% dos acidentes em vias brasileiras envolvem motos.
Os dados são provenientes de atendimentos da própria instituição, que atende uma média de 100 mil pacientes por mês desde 2008 e é considerada referência em recuperação de acidentados no país.
A maior parte dos motociclistas atendidos pelo Centro é composta por homens jovens, entre 20 e 40 anos. 80% dos atendimentos corresponde a esse perfil. Destes, 57% sofreram lesões medulares. Isso significa que mais da metade dos socorridos se tornou paraplégica ou tetraplégica. Alguns tiveram membros amputados.
Cenário é sintoma de problema maior
Os números alarmantes de acidentes envolvendo motociclistas não são novidade. Parte das colisões é causada por falhas dos condutores – que acabam sendo intensificadas pela falta de proteção oferecida pela moto. No entanto, mesmo essa porcentagem dos incidentes poderia ser reduzida com o investimento em políticas públicas de conscientização e adaptação de infraestrutura.
Para o presidente da Fetropar, Moacir Ribas Czeck, falta boa vontade das autoridades para pensar em saídas que reduzam os índices alarmantes. “Muitos motociclistas vão para as ruas sem saber, por exemplo, que os caminhoneiros não conseguem enxergá-los em determinados posicionamentos na estrada. Só uma campanha detalhada de orientação sobre pontos cegos já poderia diminuir parte dos acidentes graves”, explica.
Em alguns estados, medidas preventivas estão sendo discutidas para conter os acidentes com motocicletas. Em São Paulo, a principal delas – proposta por entidades representativas dos motociclistas profissionais – é a criação de corredores exclusivos para motos, sobretudo em horários de pico e vias que contam com grande fluxo de ônibus.
Fonte: Fetropar