A semana começou com greve no transporte coletivo de Cascavel, no Oeste do Paraná, e desde as primeiras horas desta segunda-feira (11) ônibus deixaram de circular. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano do município (Sinttracovel ), na empresa Viação Capital do Oeste a adesão à greve é de 100% enquanto que, na Viação Pioneira, 80% dos motoristas estão com os braços cruzados. De acordo com Nelson Mendes de Borba, presidente do sindicato, a paralisação é por tempo indeterminado.

O Sinttracovel afirma que os poucos motoristas que estão trabalhando provavelmente passaram a noite na garagem e que muitos foram coagidos pela empresa a não participar do movimento. O sindicato diz não ter perspectiva de retomar as negociações salariais, que emperraram na semana passada quando as duas empresas que operam o sistema de transporte coletivo ofereceram apenas a reposição da inflação dos últimos 12 meses. O Sinttracovel cobra também 5% de aumento real. Borba acredita que, assim como no ano passado, a negociação acabe em dissídio salarial.

A paralisação pegou muita gente de surpresa. Maria Lenilda Lima estava no Terminal de Trasbordo Leste antes da 7 horas, mas sem ônibus cogitava pegar um mototaxi para não chegar atrasada ao trabalho. Apesar de prejudicada, ela disse que a reivindicação dos motoristas é justa. “Eles estão lutando por melhorias”, avalia. O usuário Junior Cesar de Quadros Fernandes não tem a mesma opinião e afirma que a população não pode ser prejudicada. “É uma falta de consideração com a população. Primeiro aumentou a passagem para R$ 3,30 e agora começa essa greve. Deveria ter mais diálogo, sentar e conversar”, afirma.

Empresas se dizem surpreendidas

Em nota, as empresas que operam o transporte coletivo informaram que foram surpreendidas com a greve deflagrada pelo sindicato dos motoristas. Segundo as empresas, além de arbitrária e truculenta, a paralisação é totalmente ilegal, pois as empresas não foram oficialmente notificadas com 72 horas de antecedência, como determina a lei. O sindicato contesta e diz que as empresas foram notificadas da greve no dia 20 de dezembro.

Para as empresas, ação também é ilegítima, por não contar com o respaldo de boa parte dos trabalhadores, já que cerca de 40 ônibus furaram o bloqueio e saíram para cumprir suas linhas, uma vez que seus motoristas se recusaram a aderir ao movimento. “Aliás, como sempre faz para obter apoio forçado às suas costumeiras greves, os dirigentes sindicais estão intimidando e coagindo os funcionários, ameaçando quebrar e incendiar os ônibus que estiverem circulando”, afirma a nota.

Ainda de acordo com as empresas, para tentar impor “exigências salariais absurdas e abusivas, o sindicato submete os trabalhadores aos seus caprichos grevistas, gerando prejuízos para toda a comunidade e agravando as dificuldades que muitas famílias enfrentam por causa da crise econômica”.

 

Fonte: Gazeta do Povo