Com prazos curtos para a entrega das mercadorias, e com uma jornada de trabalho muitas vezes cruel, alguns profissionais rodoviários recorrem ao uso de drogas sintéticas para se manter acordado por mais tempo.

Conhecidas popularmente como rebite ou bolinhas, essas drogas estimulam o motorista a trabalhar em um ritmo mais acelerado. Desse modo, a pessoa consegue desenvolver suas atividades, como dirigir, por mais tempo que o normal.

Após algumas horas, o efeito passa e outra dose é necessária para que o trabalhador continue seus afazeres com a mesma disposição. No entanto, assim que passa o efeito, uma dose maior ainda é necessária, pois o organismo fica fraco e cansado. Logo, uma dose igual a anterior já não fará o mesmo efeito.

Com isso, o trabalhador entra em um ciclo dependente e crescente das anfetaminas, com doses iniciais de 1 a 2 comprimidos. Em alguns casos, as doses podem chegar a mais de 20 comprimidos por dia, para que se chegue ao efeito alcançado anteriormente.  

Dentre os efeitos dos rebites, estão as alterações fisiológicas e comportamentais. Em dose mais baixa, a pessoa pode apresentar perda de apetite, quadro de insônia, fala rápida e dilatação dos olhos. Em doses altas, pode haver aumento da pressão arterial, impotência sexual, distúrbios gastrintestinais e irritabilidade, por exemplo.

Os indivíduos que usam essas drogas frequentemente podem apresentar, além dos problemas cardiovasculares, danos permanentes no cérebro e problemas psicológicos.

O mais alarmante é que uma pesquisa realizada em Minas Gerais, pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e outras entidades, mostrou que 5,77% dos profissionais avaliados tinham consumido cocaína ou maconha. Do total dos avaliados, 60% possuíam indicação de dependência química.

Para identificar o uso de drogas ilícitas pelos motoristas, foi criada a obrigatoriedade do exame toxicológico para os motoristas profissionais das categorias C, D e E. Quem deseja renovar a carteira ou atuar como caminhoneiro ou motorista de ônibus, precisa fazer o exame. O problema é que faltam laboratórios credenciados para realizar o serviço. Somente após o laudo, que demora cerca de 20 dias, o motorista pode fazer as demais etapas do processo de habilitação.

De acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar), João Batista da Silva, essa obrigatoriedade não é uma garantia de que os trabalhadores terão melhores condições de trabalho.

“É por isso que a obrigatoriedade deve estar acompanhada de ações preventivas e medidas que promovam o tratamento e a recuperação dos trabalhadores”, salienta.

Fonte: Fetropar