Além da lentidão e do estresse, quem passa grande parte do dia no trânsito convive com a poluição sonora. A preocupação reside no fato de que o barulho dos escapamentos, das buzinas e dos motores causa muito mais do que um simples desconforto. A exposição duradoura aos ruídos dos veículos aumenta consideravelmente o risco de surdez.

Motoristas rodoviários devem ficar em estado de alerta, já que a perda auditiva causada por sons altos é cumulativa e irreversível, ou seja, ela progride sem a possibilidade de cura. Como os danos são gradativos, é praticamente impossível detectá-los no cotidiano. Os afetados pelos problemas de audição geralmente sentem os efeitos de uma só vez, por meio da perda repentina da capacidade de ouvir ou do surgimento de zumbidos.

Intensidade e exposição

Dois fatores agravam o quadro de perda auditiva motivada pelos ruídos: a altura do barulho e o tempo de exposição. A partir de 75 decibéis, a audição é prejudicada a cada oito horas de exposição. Se o ruído aumenta, uma exposição de menor duração é suficiente para causar o efeitos degenerativos. Uma rua com trânsito pesado, por exemplo, pode atingir a marca dos 90 decibéis, um patamar prejudicial à audição dos motoristas.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ouvido humano pode suportar um som de até 65 decibéis sem que ocorram prejuízos à saúde. No ambiente urbano, porém, o trânsito raramente apresenta ruídos inferiores a esse número. Não à toa, um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) identificou que de 30% a 35% dos casos de perda auditiva ocorrem devido à exposição rotineira aos ruídos que provocam surdez parcial.

Diante de índices tão preocupantes, a poluição sonora passou a ser vista como questão de saúde pública. De acordo com a OMS, ela é o terceiro fenômeno que mais afeta o meio ambiente, atrás apenas da poluição dos rios e do ar.

Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, a rotina de trabalho dos motoristas não é pensada com base na proteção da saúde da categoria. “Se a saúde do trabalhador fosse prioridade para as empresas, as jornadas seriam repensadas e o ritmo de trabalho seria reformulado. Mas, em nome do lucro, os patrões expõem os empregados a situações de risco à sua integridade física”, critica.

Fonte: Fetropar