As estatísticas de ocorrências e mortes no trânsito variam de acordo com cada órgão. O Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), por exemplo, pagou 54.767 indenizações por mortes em 2013. O DPVAT contabiliza vítimas de acontecimentos fatais dos últimos três exercícios do calendário, conforme prevê a lei.

Daria para escrever este texto apenas trazendo estudos e números de todo o país. É uma estrada, no entanto, que leva ao seguinte destino: os índices mostram que os acidentes ainda vitimam milhares de pessoas e o trânsito brasileiro permanece como um dos mais perigosos do mundo.

Imagine então trabalhar todos os dias nesse ambiente?

Hoje (28), Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, é um bom momento para falar desse assunto, que envolve toda a sociedade.

Mesmo às vezes não sabendo, todos nós dependemos do trabalho dos rodoviários: condutores de veículos de carga, de transporte de passageiros, motoqueiros e motoristas em geral. Seja transportando alimentos e mercadorias diversas, levando pessoas, encomendas e compras pelas cidades, estados e até cruzando fronteiras.

Riscos e doenças mais comuns

Para realizar esse importante trabalho, os motoristas enfrentam vários tipos de riscos no dia a dia. Além dos fatores relacionados ao ambiente, como a presença de ruídos e vibrações do motor, há doenças psicossociais, que levam os trabalhadores a quadros de depressão, irritabilidade e distúrbios na atenção e concentração.

Outro elemento é a exposição à violência urbana, como assaltos e roubos e as incertezas quanto à própria segurança durante a jornada. São situações traumáticas que podem provocar distúrbios mentais graves e permanentes.

Por conta da rotina excessiva e da pressão constante dos patrões, os trabalhadores têm dificuldade de garantir hábitos saudáveis e costumam sofrer com Lesões por Esforço Repetitivo (LER), colesterol alto, diabetes, pressão alta, entre outras doenças.

Motoqueiros

No caso dos motoqueiros, principalmente nas médias e grandes cidades, o risco de se envolver em um acidente é altíssimo. De acordo com o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), o condutor de moto tem 20 vezes mais chances de morte do que motoristas de carros.

Como mudar esse cenário?

A Operação Integrada Rodovida, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), apontou que as rodovias federais tiveram 29% menos incidentes e 16% menos mortes entre o final de 2016 e o início de 2017.

Para que esse cenário continue avançando, além de implementar políticas de educação no trânsito e conservação das rodovias, o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, afirma que as empresas precisam respeitar os limites das jornadas.

“Mesmo sabendo desses dados, as empresas ignoram as estatísticas continuam pressionando os trabalhadores a fazerem jornadas maiores do que a lei permite. Mudar essa cultura é um passo importante que vai melhorar as condições de trabalho e reduzir o número de acidentes”, enfatiza.

Fonte: Fetropar