O 1º de maio não é apenas mais um dos muitos feriados brasileiros. Trata-se de uma data importante para todos os trabalhadores, pois é dia de recordar a luta do movimento operário e as conquistas ao longo da história.

No século XIX, nos Estados Unidos, operários da indústria enfrentavam jornadas de trabalho de até 13h diárias. Somada às horas excessivas, estava a relação opressiva por parte dos patrões e as condições insalubres das fábricas. Como reivindicação por melhores condições de trabalho e salários, operários passaram a se organizar em movimentos e sindicatos.

No dia 1º de maio de 1886, na cidade de Chicago – um dos principais polos industriais dos EUA –, os trabalhadores deram início à greve, que tinha como bandeira prioritária a redução da jornada de trabalho para 8h.

“Cafajestes, canalhas e preguiçosos”, foi assim que os jornais da classe dominante se referiram aos trabalhadores. O resultado foi a forte repressão policial, que fortaleceu ainda mais as manifestações dos dias seguintes.

Na frente de uma das fábricas, no dia 3 de maio, a polícia matou três operários, deixou 50 feridos e levou para a prisão centenas de trabalhadores. No dia 4, em um grande protesto na praça Haymarket, uma bomba explodiu, matando sete pessoas e deixando outras dezenas feridas. Policiais também foram mortos. Como revide, outros 180 agentes atacaram e mataram manifestantes.

A cidade entrou em Estado de Sítio e a população foi proibida de ir às ruas. Como muitos operários foram presos, algumas residências desses foram invadidas e as sedes dos sindicatos incendiadas. Condenados à forca, os líderes dos movimentos foram executados.

As mortes de todos esses trabalhadores, porém, não ficariam em branco. Marcadas por sangue, elas seriam relembradas no Congresso de Bruxelas, em 1891, quando foi instituído o 1º de maio como a data para a memória das lutas operárias.

É por isso, segundo o presidente do Sindeesmat, Agisberto Rodrigues Ferreira Junior, que o Dia do Trabalhador é também um momento para reflexão sobre as atuais condições de vida dos trabalhadores. “O 1º de maio é a data em que se homenageia o ser humano e não as atividades desempenhadas pela força de trabalho”, argumenta.

Para o fiscal de transporte Ademar de Souza, que trabalha há 19 anos na mesma empresa, a data remete a um dia de esperança. Ele explica que muitas conquistas se deram ao longo da história, mas faltam ajustes que reconheçam o valor de toda a classe trabalhadora. “Nossa categoria tem lutado para alcançar seus ideais. Esperamos mudanças sérias e honestas”, acentua.

Mesmo na data em que se homenageia o trabalhador, muitas pessoas trabalham. É o caso, por exemplo, do fiscal de tráfego líder, Sérgio Ademir Schneider. “É bom, no nosso ramo de transporte, se a gente pudesse guardar o Dia do Trabalhador”, avalia.

Há 14 anos no setor de transporte, Sérgio destaca que a data é importante para relembrar as conquistas de todas as categorias. “O Brasil, de forma geral, é feito de trabalhadores. É um dia que nos permite refletir até sobre como era antes – o que melhorou, o que piorou -. É uma data importante, mas hoje ainda falta muito para a gente chegar no Dia do Trabalhador e comemorar dizendo ‘nossa, é o Dia do Trabalhador! ’”, destaca.

O direito à greve e à sindicalização, por exemplo, são resultados da batalha de muitos trabalhadores desde o século XIX. Mais que um dia de descanso, o 1º de maio é hora de relembrar, ainda, que todo poder emana do povo.

Fonte: Sindeesmat