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Apesar de não representar sequer um terço da frota brasileira, motos são responsáveis por 76% dos pagamentos do Seguro Obrigatório

Índice é semelhante ao registrado em igual período de 2014. Falta de investimentos em transporte público também ajuda a explicar os números

ADAMO BAZANI

Nas propagandas, símbolo de velocidade e liberdade. Na vida real, necessidade de muita cautela.

As motos, inicialmente encaradas como uma solução rápida e barata de deslocamento, tirando até mesmo passageiros do transporte coletivo, têm representado problemas no trânsito e para a saúde pública.

Blog Ponto de Ônibus teve acesso ao balanço do primeiro semestre deste ano das indenizações pagas pelo DPVAT – Seguro Obrigatório em caso de acidentes com feridos e mortos. Os dados mostram que, apesar de representarem apenas 27% da frota de veículos no Brasil, entre janeiro e junho deste ano, os acidentes com motos foram responsáveis por 76% das indenizações pagas. No mesmo período do ano passado, o número foi muito semelhante: 75%.

Do total de indenizações por acidentes de moto no primeiro semestre deste ano, 82% ou 214 mil 784 casos foram por invalidez, 14% ou 37 mil 963 casos para despesas médicas e 10 mil 254 ocorrências cobertas pelo DPVAT resultaram em morte de quem estava na motocicleta.

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Pessoas que ficam com invalidez representam índice alto nos casos que tiveram cobertura do DPVAT

O crescimento da frota de motocicletas e dos acidentes tem diversas explicações, entre elas os financiamentos e incentivos tributários dados nos últimos anos pelo Governo Federal a este meio de locomoção, a alta do preço do combustível, valor das tarifas do transporte coletivo e a falta de investimentos necessários em redes maiores e mais eficientes de metrô e corredores de ônibus.

Muitas pessoas que hoje se locomovem de motos antes usavam o transporte público.

Se com parte dos valores usados para incentivar as compras de motocicletas, fossem criadas formas de subsidiar tarifas de ônibus e metrô, que hoje recaem quase exclusivamente sobre o passageiro pagante (inclusive os custos das gratuidades), e se os sistemas de transporte coletivo ganhassem velocidade e eficiência com prioridade no espaço urbano após investimentos, os deslocamentos e acidentes com motos seriam menores.

Não é apenas a quantidade de motos a causa do problema. Em geral, o comportamento de motociclistas e motoristas, que parecem não se entender nas vias, contribui muito para o alto número de acidentes.

Especialistas apontam para a necessidade de campanhas de conscientização de ambos personagens no trânsito e maior fiscalização.

Equipamentos que fiscalizem melhor os motociclistas estão entre as medidas imediatas, como os “radares-pistola” usados nas marginas dos rios Tietê e Pinheiros, na Capital Paulista.

O excesso de velocidade é um dos principais fatores de acidentes com motos.

Os motociclistas não são apenas vítimas no trânsito, apesar da desvantagem em relação ao tamanho dos carros, ônibus e caminhões.

Têm chamado a atenção também os casos em que os motociclistas acabam atropelando e até matando os pedestres.

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Composição da frota de veículos no País (dados mais recentes usados pelo DPVAT).

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

 

Fonte: Blog Ponto de Ônibus