Veículos autônomos têm sido tratados como uma solução moderna e futurista para resolver vários problemas no trânsito. No entanto, pesquisas comandadas por especialistas têm mostrado que essa não é a realidade.

Um estudo feito em Boston, nos Estados Unidos, pela empresa de consultoria empresarial Boston Consulting Group com apoio do Fórum Econômico Mundial (FEM), mostrou que a implantação da nova tecnologia aumentará o tempo médio das viagens em 5,5% no centro da cidade. A expectativa é que isso aconteça porque a população tende a trocar o transporte público pelos carros autônomos em trajetos mais curtos.

O estudo também concluiu que a viabilidade e os resultados da implantação dos veículos autônomos vão variar de cidade para cidade. No centro de Boston, para funcionar, a iniciativa vai depender do compartilhamento de carros pelos usuários em um primeiro momento.

Na opinião do presidente da Fetropar, João Batista da Silva, a pesquisa mostra que ainda é preciso ter cautela com a aplicação da nova tecnologia no dia a dia. “Precisamos pensar se essa pressa em colocar os veículos autônomos nas ruas não está visando apenas a possibilidade de reduzir para os empresários os custos do sistema de transporte ao não precisar mais de motoristas, sem pensar nas dificuldades que poderão ser enfrentadas pela população”, pontua.

Entendendo os carros autônomos

Também chamados de carros robóticos, os veículos autônomos são, basicamente, automóveis que se locomovem sem a presença de um motorista, utilizando inteligência artificial. Os automóveis vêm sendo testados para uso comercial desde 2015. Empresas do ramo de transporte querem implantar os dispositivos, a princípio, em serviços como entregas e condução de passageiros.

O principal argumento dos empresários é que a tecnologia reduziria o número de acidentes, já que boa parte deles é causada por falha humana. Na prática, no entanto, a situação tem sido diferente.

Em 2016, o norte-americano Joshua Brown morreu participando dos testes com um dos modelos. Na ocasião, a colisão aconteceu porque o sistema do veículo autônomo não detectou um caminhão que cruzou seu caminho. Em março de 2018, um carro robótico testado pela empresa Uber atropelou e matou uma mulher no estado do Arizona, nos Estados Unidos.

Para João Batista, há muitas implicações éticas e morais que ainda precisam ser debatidas antes da implantação da tecnologia. “Temos que pensar em várias questões, como os postos de trabalho que serão extintose a questão da responsabilidade jurídica em caso de acidentes. O trânsito é um espaço humano em que a empatia e o cuidado com o próximo são fundamentais. Isso ainda precisa ser discutido com mais atenção”, defende.

No Brasil, ainda não há previsão para testes com carros robóticos. Um levantamento feito pela companhia internacional KPMG mostrou que o país é um dos menos aptos no mundo para receber os veículos autônomos.

Fonte: Fetropar