Já faz algum tempo que os especialistas alertam sobre o grande gargalo que o transporte vem tendo com a falta de motoristas e o desinteresse pela profissão. Isso porque a situação desses trabalhadores não se encontra muito favorável: há o risco de assaltos e roubos, o custo do combustível e dos pedágios das rodovias é alto e sem subsídios, o serviço tem um valor baixo e a expectativa de crescimento é ínfima.
Antigamente, segundo relatos dos motoristas mais velhos, as condições eram diferentes e mais favoráveis para trabalhar do que no cenário atual, e havia menos roubos de carga.
Por isso, aos poucos, os trabalhadores foram perdendo o interesse e se desmotivando. Os jovens, por exemplo, não querem se submeter a enfrentar estradas mal conservadas, em extensas jornadas, praticamente solitárias, de 10 a 12 horas por dia em uma cabine e longe das famílias por semanas ou até meses. Os próprios motoristas deixaram de estimular seus filhos a ganharem a vida pelas estradas do país.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Júlio Simões mostra que dos 1.066 entrevistados, 60,6% acham a profissão perigosa, 34,9% a consideram desgastante e 32,1% afirmam que interfere de maneira negativa no convívio familiar.
Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, se por um lado a realidade mostra um desestímulo da profissão, por outro auxiliou na formação e na profissionalização dos condutores. Para se manterem atualizados e mais preparados para o mercado, os motoristas estão em constante aprendizado, realizando cursos específicos e frequentando eventos promovidos pelos sindicatos.
O presidente da entidade avalia que todos precisam levar a sério a importância do transporte para o sucesso da economia brasileira. “É necessário reverter esse quadro com resultados que comecem a aparecer a médio e longo prazos, a partir de investimentos na área de infraestrutura ou melhorando as condições de trabalho, que muitas vezes são precárias”, afirma.
Esse é um dos caminhos que podem atrair tanto os motoristas mais velhos como os mais novos para suprir a falta de trabalhadores e voltar a gerar interesse pela profissão.
Fonte: Fetropar