Em entrevista à Folha de S. Paulo, o linguista americano Noam Chomsky afirmou que a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma vingança das classes dominantes, inconformadas com as reformas promovidas pelos seus governo.

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“Lula está sendo punido pelas políticas reformistas que deram um apoio muito necessário à massa da população que é reprimida”, afirmou Chomsky, que acredita que a o rigor da punição, além da rejeição do pedido de habeas corpus, vai muito além do crime alegado. “Essa punição só pode ser interpretada como parte de um ataque generalizado das classes privilegiadas contra tudo o que o governo Lula representou”, acrescentou.

Segundo ele, o que a elite não tolera é o fato do povo ter voz na determinação dos rumos do governo, “em vez de ficar em seu lugar na base da pirâmide social”.

Chomsky destacou que os governo Lula “transformaram o Brasil em um dos atores mais influentes e respeitados no mundo”.

“O Brasil liderou um movimento para dar voz ao “mundo em desenvolvimento” na administração global, dando seguimento a esforços para criar uma nova ordem econômica internacional que havia sido massacrada pela coalizão de poder e dinheiro capitaneada pelos EUA”, salientou.

E acrescenta: “Essas esperanças foram despedaçadas pela destruição — em parte autodestruição — do PT e a reversão de seus feitos. A imagem atual do Brasil é festejada pelas classes investidoras predadoras e os governos ligados a elas, mas entre aqueles que se preocupam com direitos humanos, justiça social e democracia, a decadência da imagem do Brasil é drástica”, ressaltou.

Ao analisar o impacto da prisão sobre a esquerda no Brasil, Chomsky afirma que a prisão e o isolamento imposto ao ex-presidente “são um golpe duro contra as esperanças de o Brasil realizar seu potencial de chegar a um grau maior de justiça social e desenvolvimento econômico e cultural”.

Ele reforça ainda que o assassinato da vereadora Marielle Franco, do Psol, é outro ataque contra direitos humanos básicos e as aspirações das vítimas tradicionais da repressão e injustiça. “As marretadas do governo reacionário de Temer contra a sociedade brasileira são um presságio de um futuro sombrio para a população do Brasil”, frisou.

Ele disse ainda que a esquerda deve fazer autocrítica “muito séria” e “examinar o que deu errado e pensar em todas as oportunidades que foram desperdiçadas porque sucumbiu à maldição da corrupção e a planejamentos falhos”.

“A base social precisa ser reconstruída do zero, com participação direta de comunidades e instituições. Uma das principais tarefas é reverter as políticas atuais, que têm implicações nefastas para o futuro do Brasil. Uma esquerda revitalizada deveria propor programas que emergem da deliberação popular”, defendeu.

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