Ansiedade, medo e desamparo. É praticamente impossível ter qualidade de vida quando se convive com esses sentimentos. O problema é que, em momentos de crise econômica, eles se sobressaem, já que a instabilidade, o receio de ser mandado embora e a sobrecarga de trabalho se intensificam para a maioria dos trabalhadores. O cenário é ainda pior para os desempregados, submetidos a privações financeiras que afetam diretamente o emocional.

Especialistas não têm mais dúvidas de que a crise econômica afeta de maneira direta a saúde mental dos trabalhadores. Psicólogos e psiquiatras por todo o país relatam que o fator econômico está presente em muitas das queixas de seus pacientes. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a quantidade de consultas psiquiátricas custeadas pela agência passou de 2,9 milhões em 2012 para 4,5 milhões em 2017.

Esse cenário de profunda tristeza e desânimo também pode ser ilustrado pelo crescimento do número de afastamentos para tratamento de doenças psicossociais. De acordo com dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 8.015 licenças motivadas por transtornos mentais foram concedidas somente nos primeiros nove meses de 2018, número 12% maior que o registrado no mesmo período de 2017.

Se a situação está difícil para quem tem um emprego, aqueles que não contam com uma fonte de renda fixa sofrem ainda mais. O desemprego, que atinge a mais de 12 milhões de brasileiros, vem afetando diretamente a autoestima dos trabalhadores, e o risco do desenvolvimento de quadros depressivos graves é mais alto para as pessoas que enfrentam essa condição.

Para o presidente da Fetropar, João Batista da Silva, a retirada de direitos, o assédio moral por mais produtividade e a desvalorização provocam graves danos à saúde mental dos trabalhadores.

“O ritmo do mercado de trabalho em épocas de crise é adoecedor. Os empregadores geralmente buscam aumentar o lucro investindo menos, sobrecarregando e piorando a qualidade de vida do trabalhador. É por isso que a luta por mais direitos e melhores condições de trabalho é, na verdade, uma luta pela saúde do rodoviário”, afirma.

Fonte: Fetropar