“Nunca estivemos tão ameaçados como estamos agora”. A frase resume a fase pela qual passa a organização dos movimentos sociais, e foi proferida pelo professor Geraldo Santana, do Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES), durante a abertura do Curso de Gestão Sindical e Oratória, na quarta-feira, 10.

Promovido pela Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar), em parceria com o Instituto São Cristóvão (ISC), o curso promove a formação do dirigente sindical e o prepara para dialogar melhor com os trabalhadores.

No cenário político e econômico atual – o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga que estão desempregados mais de 11 milhões de trabalhadores – o movimento sindical passa por uma crise. Foi o que ressaltou o professor. Crise essa, na opinião de Santana, que precisa ser superada por meio do protagonismo das organizações sindicais e da atuação ativa junto aos trabalhadores.

E para superar os desafios deste momento, só há uma saída: procurar entendê-los. Por isso, os direitos sindicais e trabalhistas e os processos das negociações coletivas foram temas debatidos no primeiro dia do encontro.

Os desafios são diversos. A própria sobrevivência do movimento sindical como a mais completa e eficaz forma de mobilização em defesa dos interesses e dos direitos dos trabalhadores, a existência dos sindicatos como entidades independentes e os direitos que se constituem a base do Estado Democrático de Direito, implantado pela Constituição Federal de 1988, são aspectos fundamentais da democracia e que necessitam de atenção.

“Hoje, não há um só direito social que não esteja ameaçado. Então, os sindicatos precisam fazer aquilo que fizeram ao longo dos seus 200 anos de trajetória, em determinados momentos com mais intensidade. Agora é a hora de retomarmos a intensidade, que é a mobilização popular.

Para Santana, a esperança está no clamor popular. Por isso, os sindicatos precisam ter a capacidade de trazer o povo para a rua, a fim de impedir o fim da democracia no Brasil.

Como fazer isso?

É preciso que os dirigentes sindicais esqueçam os gabinetes, por um momento, e voltem para o contato diário com os trabalhadores. Esse é um dos caminhos para a aproximação do trabalhador.

“O olhar nos olhos, entre um dirigente sindical e os trabalhadores, é fundamental para que se estabeleça a relação de confiança e para que o trabalhador possa acreditar na entidade e lutar conosco”, salientou.

Segundo o professor, as conquistas sociais que hoje existem, como liberdade, voto universal e democracia, são inciativas dos trabalhadores. Por isso, precisam ser preservadas, pois “o sindicato não é apenas o instrumento de lutas a favor dos trabalhadores, mas é a espinha dorsal do Estado Democrático de Direito”, argumentou.

Fonte: Fetropar/ISC