Economista considera investimento em mobilidade urbana insuficiente no País

Os brasileiros estão gastando mais tempo no trânsito. De acordo com uma pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), feita com 2.002 pessoas, de 142 municípios, 31% da população do País passava, em 2014, mais de uma hora por dia se deslocando para atividades rotineiras, como trabalho e estudo. Em 2011, ano do primeiro levantamento, o volume era de 26%. A situação piora conforme aumenta a densidade populacional. Nos locais com mais de 100 mil habitantes, o índice é de 39%, sendo que, para 12% dos moradores, os trajetos demoram, em média, entre duas e três horas. 
De acordo com a economista da CNI Maria Carolina Marques, responsável pelo estudo, os resultados já eram esperados, uma vez que as cidades estão crescendo cada vez mais. O problema, diz, é que a capacidade de gasto não tem acompanhado esse ritmo. “Historicamente, já não era lá essas coisas. Agora, com a crise, há frustração de receitas em todos os níveis de governo. Os investimentos em mobilidade urbana – que, primeiro, são caros, seja para corredor de ônibus ou metrô, e, segundo, costumam ser demorados – diminuem”, afirmou. 
Aqueles que usam prioritariamente o transporte público são os que mais sofrem com o problema – metade passa mais de uma hora no trânsito. A taxa é de 42% no caso de quem anda de ônibus ou vans, contra 24% para quem usa veículo próprio; 19% para os ciclistas; 18% para os motociclistas e 14% para os pedestres. A escolha varia conforme renda e gênero. Quase 50% dos cidadãos que ganham acima de cinco salários mínimos andam de carro. Já entre os que recebem menos de um salário, a proporção cai para 3%. Da mesma forma, enquanto 28% das mulheres tendem a adotar como principal meio de locomoção o ônibus e 26% andam a pé, os homens são mais propensos a usar os veículos da família (23%), sendo que 19% optam pelo transporte público. 

USUÁRIOS

Morador do bairro Abranches, na zona norte de Curitiba, o segurança Milton Batista Moraes, de 28 anos, demora uma hora para chegar, de coletivo, até o trabalho, que fica no Água Verde, na zona sul. “Em comparação com outras cidades, acho (o sistema) até bom, por causa da integração. O preço que aumentou, mas em vista da mobilidade compensa”, opinou. 
Já a vendedora Roberta Rodrigues, 22, leva em torno de 45 minutos para percorrer, também de ônibus, os mais de 20 quilômetros que separam Colombo, na região metropolitana, das Mercês, próximo ao centro, onde trabalha. “Eu usava mais o carro. Só que agora, com o preço da gasolina lá em cima, não dá”, lamentou. Para a vendedora, os governos poderiam investir mais em trincheiras e outras obras, de forma a facilitar o fluxo de veículos, principalmente nas estradas e avenidas maiores. “Perto da minha casa já melhorou um pouco, mas ainda há muito o que se fazer”, disse.

Fonte: Folha de Londrina